'Um país não existe sem cultura', diz o criador de 'Mister Brau'

Jorge Furtado participa do programa 'Ofício em Cena', da GloboNews; o E+ acompanhou a gravação

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Por Gabriel Perline
Atualização:
Jorge Furtado é entrevistado por Bianca Ramoneda no 'Ofício em Cena' desta terça-feira, 14 Foto: Artur Meninea/Globo

"Não tem nada que preste na TV". Quem não prega este discurso, certamente já o ouviu de alguém. Embora tenha lá seu fundamento - dada a repetição de formatos e narrativas que apelam a meios 'baratos' para atrair audiência -, essa maneira simplista de generalizar o todo por sua parte é desonesta com quem ainda luta para fazer da televisão um meio transformador. E o cineasta e diretor Jorge Furtado se inclui nesta categoria.

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Responsável por dois recentes sucessos da ala de séries da Globo, Mister Brau (2015) e Doce de Mãe (2014), além do clássico documentário Ilha das Flores (1989), Furtado dá uma aula de como usar o entretenimento como objeto de reflexão, além de expor suas inquietações no programa Ofício em Cena, apresentado por Bianca Ramoneda na GloboNews, que vai ao ar nesta terça-feira, 14, às 23h30.

A convite do canal, o E+ acompanhou a gravação do programa, nos Estúdios Globo, realizada em meados de maio. Nela, Furtado revelou a maneira inusitada como lhe surgiu a ideia de criar a sitcom Mister Brau, protagonizada pelo casal Lázaro Ramos e Taís Araújo: lendo uma notícia sobre a casa de férias que Jorge Ben tem na Disney. "Imagine, ser vizinho do Silvio Santos", brincou.

Jorge Furtado fala sobre seu processo criativo no 'Ofício em Cena' Foto: Artur Meninea/Globo

Tímido e dotado de um humor sagaz, o cineasta é uma metralhadora de frases de efeito. Não destas que são publicadas à exaustão nas redes sociais - e que não produzem nada além da autocomiseração -, mas de sentenças que causam um desconforto, positivo, que explicam sua maneira de criar histórias para a TV e para o cinema.

"O pior inimigo da criação é o preconceito", afirma o roteirista. Ele acredita que "a dramaturgia é um exercício para a alma, já que exercitamos nossas paixões através dela."

Na gravação, Furtado refletiu sobre a situação da cultura no Brasil e o tratamento dado a ela pelo presidente em exercício, Michel Temer, que chegou a extinguir o Ministério da Cultura, mas voltou atrás após pressão popular. "Um país não existe sem cultura. Não somos o país da 'ordem e progresso', somos o país do Chico Buarque, do Lupicínio e do Pixinguinha. Esses caras [políticos] vão todos passar, mas a cultura vai sobreviver", observa.

O cineasta foi o último entrevistado da terceira temporada do Ofício em Cena. A quarta já está garantida pelo canal - ainda sem data de estreia.

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