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'Pantanal': Assim como Trindade, Robert Johnson fez pacto com sua alma

A lenda diz que o 'bluesman' teria ido ao cruzamento das rodovias 61 e 42 em Clarkdale, e trocado sua alma pelo dom da música

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Por Redação
Atualização:
Em 'Pantanal', Tibério (Gabriel Sater) invocou o diabo para salvar o Velho do Rio. Na música, há uma lenda de que Robert Johnson tenha feito um ritual e trocado sua alma pelo dom do blues. Foto: Globo/João Miguel Júnior e Twitter/@nietzsche4speed

Na novela Pantanal, o peão Trindade (Gabriel Sater) deixou os telespectadores encantados com sua performance em sua primeira cena. Ele invocou o diabo para conseguir salvar o Velho Do Rio (Osmar Prado), que havia levado um tiro de espingarda da Muda (Bella Campos) e estava à beira da morte.

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Após salvar o Velho, Trindade encontrou a fazenda de José Leôncio (Marcos Palmeira) e não conquistou a confiança dos peões logo de início, mas Tibério (Guito) permitiu que ele permanecesse no local por uma noite. Assim que ele tocou sua viola, que foi enfeitiçada pelo diado, acabou conquistando seu espaço.

Mas, essa assustadora lenda do pacto com diabo para salvar alguém ou conquistar grandes objetivos existe há muito tempo. No mundo da música, por exemplo, existem histórias do mesmo tipo e uma da mais conhecidas é da década de 1920, que diz respeito a uma das maiores lendas do blues.

Robert Leroy Johnson, nascido no Mississippi por volta de 1911, é considerado por estudiosos como "Jimi Hendrix de sua época" porque era um músico habilidoso que entrou para o fatídico "clube dos 27". Esse clube é composto por grandes músicos que morreram no auge da carreira, aos 27 anos.

A música de Johnson ficou mais conhecida após sua morte e influenciou figuras como Bob Dylan, Keith Richards, Robert Plant e Eric Clapton. Ele começou a tocar em bares e as letras de suas músicas falavam sobre a vida difícil e desafiadora levada por pessoas negras, além dos percalços da Grande Depressão após 1929.

Mas, existiam rumores de que o talento de Robert vinha de fontes assustadoras porque suas letras costumavam mencionar encontros sobrenaturais e criaturas sombrias. Também é descrito que ele tinha hábitos estranhos e era um homem silencioso e discreto, que algumas vezes tocava ou compunha de costas para as pessoas, encarando a parede.

Conheça a lenda

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Esse mito conta que Robert Johnson era um cantor habilidoso, mas um violeiro trágico, e para resolver essa questão ele teria ido para o famoso cruzamento das rodovias 61 e 49 em Clarkdale, no Mississippi, munido com seu velho violão e uma garrafa de uísque.

Na encruzilhada, ele teria feito um ritual e trocado sua alma pelo dom de ser o maior 'bluesman' da história. A sua fama e a grande repercussão de suas composições teriam vindo como consequência deste pacto.

A teoria ganhou forças por causa de composições de Johnson que mencionavam encontros com o diabo ou com cães do inferno, como Crossroads Blues, Me And The Devil Blues e Hellhound On My Trail

Esses relatos ainda explicam que a história do pacto foi difundida principalmente por Son House, outro influente cantor e músico do blues nos Estados Unidos, que a relatou para o arquivista e historiador Pete Welding ao explicar como Johnson tornou-se um violonista tão hábil com tanta rapidez.

Alguns estudiosos ainda contam que essa lenda tem origens que datam de 20 anos após a morte de Johnson, ocorrida em 1938. Isso teria acontecido quando o artista foi redescoberto por fãs brancos que difundiram a especulação.

Aos poucos, outros detalhes foram sendo adicionados com o tempo e com as reproduções da lenda, que já foi contada até em episódios de séries como Supernatural e Legends of Tomorrow.

Como Johnson aprendeu a tocar guitarra

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Robert Johnson teve até um professor que o ensinou a tocar guitarra, mas foi de uma maneira, para a época, assustadoramente competente. Não tratava-se de alguém de outro plano, na verdade, seu professor foi o músico Isaiah Ike Zimmerman, que tinha uma técnica apurada e incomum para aqueles tempos.

O próprio Ike também foi alvo de especulações sobre ter pacto com o diabo, tanto pela proximidade com Johnson quanto pelo fato de ser visto tocando violão no cemitério, sozinho, pelas noites.