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No ar em 'Velho Chico', Batoré ironiza Carlos Alberto de Nóbrega na Globo

"Enquanto ele comemora essa participação, estou no horário nobre da Globo", disse o ator

Por Gabriel Perline
Atualização:
Batoré contracenou com Rodrigo Lombardi em 'Velho Chico' Foto: Acervo Pessoal

Dois ex-amigos e atuais desafetos do SBT deram as caras na Globo: Carlos Alberto de Nóbrega, apresentador de A Praça é Nossa, apareceu no último episódio do Tá no Ar, na terça-feira (5), enquanto Batoré _nome artístico de Ivann Gomes_ está na novela Velho Chico. Magoado com o ex-patrão, a quem acusa de ser o responsável por sua demissão do humorístico, o ator provoca. "Enquanto ele comemora essa participação, estou no horário nobre da Globo."

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Batoré trabalhou por 18 anos no SBT, sendo 11 deles dedicados exclusivamente à 'Praça'. A demissão veio em 2003, por uma necessidade de contenção de gastos da emissora, e ele entrou na lista de corte. "Eu ganhava um salário legal, mas era às custas do meu sacrifício. Ele [Carlos Alberto] nunca me deu aumento nenhum, eu que sempre busquei minha melhora no SBT", comenta. "Ele autorizou a minha demissão. Ele me traiu, pois fui fiel a ele e ao programa. Minha vida era pautada pela Praça. Recusei convites para mudar de emissora, mas decidi ficar. Isso me chateou demais", completa.

Além de Carlos Alberto de Nóbrega, outros artistas entraram para a lista negra do humorista após ter sido demitido do SBT. "Meus ídolos me decepcionaram, nem toco no nome deles mais. Amigos artistas, são poucos. Muitos viraram as costas para mim e, outros, começaram a me evitar. Hoje, não ligo mais para isso. Um dos maiores orgulhos que eu tenho é chegar onde eu cheguei sem deixar de ser quem eu era", diz ele, que faz questão de ser chamado pelo nome do personagem que o consagrou. "É uma marca muito forte, da qual tenho orgulho. Não sou como a Gorete Milagres, que maltratava quem a chamasse de Filó. Quando a pessoa parar de me chamar de Batoré eu vou ficar preocupado", alfineta.

Antes de chegar à Globo, ele tentou dar sobrevida a seu personagem em outras emissoras. Na Rede Brasil de Televisão, comandou um talk show, em 2011, que acabou cancelado em poucas semanas. No mesmo ano, participou de alguns episódios da Escolinha do Gugu, na Record. Já são quase 13 anos sem contrato fixo com nenhum canal. 

Batoré e Rodrigo Lombardi contracenaram juntos na novela 'Velho Chico' Foto: Divulgação|Globo

Velho Chico Batoré não precisou passar por testes para conquistar o papel do delegado de Velho Chico. Na trama, ele contracenou com personagens importantes, como coronel Afrânio (Rodrigo Santoro) e capitão Rosa (Rodrigo Lombardi).

“Fui convidado pelo produtor de elenco Luiz Antônio Rocha, a pedido do diretor Luiz Fernando Carvalho. Eles viram vídeos meus na internet e me quiseram na novela. Fiquei com medo, porque nunca fiz novela e sempre escrevi meus próprios textos, mas aceitei na hora. A sensação é a mesma de um jogador de futebol quando é convocado para a seleção brasileira. Esse trabalho será um divisor de águas da minha carreira”, avalia.

O delegado de Batoré, ao contrário do que o óbvio indicaria, não é um personagem cômico. É um homem cínico, nojento e sarcástico. “Bati meus textos com o Rodrigo Lombardi. Ele me recebeu muito bem, até almoçamos juntos”, comenta ele, que aproveitou para sugerir à direção alterações nos textos de seu personagem. “Tive a liberdade de mudar algumas palavras, porque o texto vem com dialetos paulista ou carioca, que não existem no nordestino. Eles querem autenticidade e é por isso que tem essa carga de nordestinos no elenco. A Globo já fez trabalhos sobre o Nordeste e que pareciam forçados demais por não terem nada a ver com o nosso sotaque e universo”, comenta.

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Política A vida de artista freelancer ainda continua. Sua fonte de renda, nos últimos anos, tem sido os eventos corporativos, onde apresenta seu show de humor. Além disso, ele teve uma passagem pela política. Entre 2008 e 2014, foi vereador de Mauá -região metropolitana de São Paulo-, mas teve seu segundo mandato cassado por infidelidade partidária. 

“Não entrei na carreira política por necessidade. Tenho uma condição de vida legal, apartamento próprio, meus carros”, justifica. “Trabalhei em prol dos portadores de necessidades especiais, e criei projetos que não foram sancionados. A política tem o lado podre, que dá nojo. Fui perseguido na câmara. Minha popularidade era alta e fizeram isso para me prejudicar, para o povo pensar que eu não trabalhei direito e não desenvolvi nenhum projeto em meus mandatos”, desabafa.

Nascido em Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, Batoré mora desde os 11 anos de idade em Mauá (atualmente, tem 55 anos). Antes de trabalhar na TV, foi engraxate e vendedor de limão. “As pessoas achavam que eu chupava os limões em vez de vendê-los, pois sempre fui feio demais”, brinca. “Fui muito bem acolhido por esta cidade. É aqui que vivo, pago meus impostos e sou feliz. Ando nas ruas e vou ao shopping com tranquilidade. Todo mundo aqui me respeita.”

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