'Esse crime nunca foi limpo', diz diretor da série documental sobre assalto ao Banco Central

Daniel Billio afirma que '3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central' mostra 'um bojo violento por trás de um crime aparentemente limpo’

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Por Bárbara Correa
Atualização:
Em 2005, assaltantes furtaram do Banco Central 165 milhões de reais, ou cerca de 3 toneladas e meia de cédulas de 50 reais usadas e não rastreáveis. Foto: Netflix

Dezesseis anos após um dos crimes que mais chocou o Brasil, o assalto ao Banco Central tem detalhes inéditos revelados em formato de série documental na Netflix nesta quarta-feira, 16. A produção 3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central coloca frente a frente o grupo de ladrões e o time de policiais federais que, ao longo de 5 anos, se enfrentaram em um jogo de gato e rato.

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No dia 6 de agosto de 2005, um grupo de criminosos furtou aproximadamente 165 milhões de reais, ou cerca de 3 toneladas e meia de cédulas de 50 reais usadas e não rastreáveis. Um crime realizado através de um túnel com quase 80 metros de comprimento, aparentemente sem testemunhas nem pistas.

Em entrevista ao Estadão, o diretor e roteirista Daniel Billio explicou que, durante quatro meses, ele e sua equipe fizeram “um curso intensivo de furto ao Banco Central, porque tivemos que investigar cinco anos de caso”. 

Os três episódios são marcados por grandes níveis de detalhes e Daniel afirma que foi justamente esse intuito de se manter fiel aos depoimentos das fontes que tornou tudo mais realista. 

'3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central' explica detalhes dotúnel, com quase 80 metros de comprimento, utilizado para realizar o furto ocorrido em 2005 Foto: Netflix

Ao longo da série, Billio mostra, além da investigação, as trágicas consequências de um golpe milionário que parecia perfeito, mas que deixou em seu caminho um rastro de extorsões, corrupção policial, sequestros e assassinatos. 

“O que me chamou atenção nessa série foi a possibilidade de ter um 'plot twist' grande no terceiro episódio. No primeiro, é mostrado a genialidade dos ladrões que conseguiram fazer tudo isso sem que ninguém ficasse sabendo, sem troca de tiro e nem nada”, inicia. 

“Na sequência, entra o grupo de policiais federais que também executa uma investigação longa, paciente e bem sucedida para identificar e prender os criminosos. Tudo parece muito limpo e sem sangue. Mas, no último episódio, vimos que esse crime nunca foi limpo. Desde o primeiro dia tinha gente morrendo, sequestro e sangue na história. Tem esse ‘bojo’ violento por trás dessa história aparentemente limpa”, explica.

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Nova série documental da Netflix, que estreou nesta quarta-feira, 16, revela detalhes da investigação do assalto ao Banco Central Foto: Netflix

O diretor da série documental explica que se surpreendeu com esse “plot twist”, pois a lembrança que tinha sobre o crime era apenas que “um grupo entrou lá e levou dinheiro sem disparar tiro”. No entanto, ele reitera que, para a realidade brasileira, a corrupção policial e todos os outros crimes que surgiram como consequência não são tão surpreendentes assim.

“A gente tem a história do crime, da investigação e do pós crime. Não é surpreendente ter essa reviravolta do final. O que aconteceu eu não acho que surpreenda ninguém na realidade brasileira”, concluiu. 

Produzido pela Mixer Films, 3 Tonelada$: Assalto ao Banco Central tem direção geral de Rodrigo Astiz e trabalho de pesquisa comandado por Claudia Belfort. A produção executiva é de Adriana Marques, Íris Sodré Mendes e Maurício Hirata Filho.

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