Como 'Las Chicas del Cable', nova série da Netflix, nos conduz à tomada de consciência

De tom feminista e progressista, série retrata anos 1930 com uma edição moderna - tons fortes e músicas contemporâneas

PUBLICIDADE

Por Sara Abdo
Atualização:
Apesar de retratar uma época mais antiga, a fotografia é moderna, com tons fortes e contrastantes Foto: Divulgação/Las Chicas Del Cable

Las Chicas del Cable é a primeira série espanhola original da Netflix. Com um toque feminista, a trama aborda o dia a dia de quatro jovens telefonistas em uma empresa que se prepara para mudar o modo como se faz a comunicação na Europa. 

PUBLICIDADE

E não só a comunicação vai mudar. Entre 1920 e 1930, para além dos muros da empresa, começam a surgir os movimentos sufragistas e os projetos para alterar a lei e garantir o direito às mulheres de pedir o divórcio, encabeçada pela primeira advogada espanhola, Victoria Kent. Em meio a isso os personagens aos poucos tomam consciência da própria vida e começam a entender, e sentir, a situação que vivem e como sair dela.

A série tem sofrido duras críticas, sobretudo porque é associada a um drama clássico, como uma novela latina em que há mais trama do que desenvolvimento dos personagens. Apesar disso, cabe uma visão ‘à la Almodóvar’, que coloca sobre seus personagens problemáticos um conteúdo humano e envolve seus protagonistas em grandes obstáculos. Las Chicas del Cable apela às emoções e revelações dos personagens diante de si mesmos. O telespectador acaba convidado a fazer o mesmo. 

Elencamos cinco motivos para você se render à primeira temporada da trama que, na essência, trata sobre as relações humanas e a tomada de consciência sobre o que se quer. 

Liberdade 

É problema e solução da maioria dos personagens, que buscam a liberdade mas estão apegados ao conceito do que é ser livre. Lidia/Alba (Blanca Suárez ), a protagonista, é quem vive esse impasse mais intensamente. Por inúmeras vezes ela esbarra na possibilidade de revelar o que é e viver o que deseja, mas se nega a fazê-lo porque isso não lhe daria o que ela espera de um conceito pré-estabelecido de liberdade.

Da esquerda para a direita, as protagonistas de Las Chicas del Cable: Marga, Carlota, Ángeles e Lidia/Alba Foto: Divulgação/Las Chicas Del Cable

Fotografia

Publicidade

 A edição tem tons fortes e música moderna, o que faz jus às ideias mais progressistas da série.Embora retrate os anos 1920 e 1930, a imagem tem tons vibrantes e a maior parte das músicas são atuais, com alguns sons eletrônicos, até.

Diálogo e narração

O desenrolar dos fatos é rápido e chega a ser difícil acompanhar alguns diálogos. Nos primeiros dois episódios há um tom mais meloso e um comportamento de ‘ defensiva’ que beira o insuportável. Já a partir do terceiro episódio há mais química entre os personagens e a narrativa flui melhor. Um trecho que merece destaque: “o primeiro sinal de que está seguindo a razão é conseguir mentir para quem está ao seu lado e enganar seu próprio coração”. 

Tomada de consciência

Nenhum personagem alcança a felicidade ao longo desta primeira temporada, mas isso não significa que nada aconteça. No decorrer dos episódios há uma tomada de consciência generalizada, como a que aconteceu com Ángeles (Maggie Civantos), uma experiente mas ingênua telefonista aos poucos percebe que vive um relacionamento abusivo e fica pró-ativa para reduzir os danos, já que ainda não encontra meios para se resolver plenamente.

Miguel, Sara e Carlota conhecem mais sobre si enquanto se envolvem em um triângulo amoroso, unido por Carlota Foto: Divulgação/Las Chicas Del Cable

  Autoconhecimento

Em uma época em que mulheres serviam de enfeite, o processo de autoconhecimento dos personagens chama a atenção. Marga (Nadia de Santiago), que cresceu na zona rural sob as asas da avó e da mãe, começa a perder o medo de agir por conta própria. Sara (Ana María Polvorosa), uma misteriosa telefonista, apaixona-se por um homem depois de se interessar por Carlota (Ana Fernández), a única personagem que não se agarra a conceitos. Carlota, filha rebelde de um militar, é surpreendida por seus próprios desejos e afeições bissexuais.

Publicidade

Veja o trailer oficial da Netflix:

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.