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China censura referências homossexuais em 'Bohemian Rhapsody'

Fãs ficaram irritados e reclamaram de exagero por parte das autoridades

Por Agência
Atualização:
Da esquerda para a direita, Joe Mazzello (John Deacon), Ben Hardy (Roger Taylor), Rami Malek (Freddie Mercury) eGwilym Lee (Brian May) em cena do filme 'Bohemian Rhapsody'. Foto: Alex Bailey/Twentieth Century Fox

A China cortou ao menos dez cenas com referências homossexuais do filme Bohemian Rhapsody, cinebiografia sobre o cantor britânico Freddie Mercury, o que irritou alguns espectadores que reclamaram de um suposto exagero por parte das autoridades.

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O filme sobre o líder da banda de rock Queen, idolatrado por fãs ocidentais, lucrou mais de US$ 8 milhões nas bilheterias desde sua estreia nos cinemas chineses, na sexta-feira, 22, segundo a Alibaba Pictures.

No entanto, ao menos três minutos de cenas estão faltando, desde um close durante apresentação de Mercury a um beijo homoafetivo e um tapa em uma mulher durante uma festa.

"Em efeito, parece que todo o filme foi cortado, apesar de serem só três minutos", disse um comentário no Weibo, rede chinesa semelhante ao Twitter. "O filme em si não está tentando destacar nada, mas, quando deletamos deliberadamente, isso torna essas coisas sensíveis", disse outra pessoa.

A Administração Estatal de Rádio, Filme e Televisão da China não respondeu imediatamente ao pedido da agência Reuters para comentar o caso.

O filme narra a vida do cantor desde a formação do Queen, em 1970, até uma das performances mais relevantes da banda, em Londres, em 1985. A homossexualidade não é ilegal na China, havendo até uma cena gay expressiva em algumas cidades, mas ativistas afirmam que atitudes conservadoras despertaram algumas restrições do governo.

Desde 2012, a China intensificou a repressão ao conteúdo que considera violar o chamado 'valor central socialista' do presidente, Xi Jinping, seja em videogames, música ou televisão. Mas os censores chineses podem ser imprevisíveis em suas atitudes em relação à violência, à pornografia e a tópicos politicamente sensíveis.

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Por exemplo, as referências homossexuais foram deixadas intactas em outro filme, O Guia, que arrebatou o prêmio de melhor filme no Oscar deste ano, quando foi lançado na China neste mês.

Mas Shi Yedong, crítico de cinema de Pequim, disse que é incomum que Bohemian Rhapsody tenha passado pelos censores chineses nas atuais circunstâncias. "A censura está ficando cada vez mais intensa no cinema e na televisão", disse.

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