‘Bem-sucedida num mundo masculino’, diz diretor sobre filme de traficante mulher

‘A Rainha da Cocaína’, dirigido por Guillermo Navarro, conta a história da colombiana Griselda Blanco

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Por Pedro Prata
Atualização:
Catherine Zeta-Jones no papel de Griselda Blanco Foto: Lifetime / Divulgação

Dentre os nomes mais populares do crime organizado nas Américas, todos são homens. Isso vai mudar a partir de abril, quando chegará ao Brasil o filme A Rainha da Cocaína. O longa conta a história de Griselda Blanco, a mulher mais temida pelos criminosos do narcotráfico de Miami.

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“Essa é a história de uma mulher que se tornou bem-sucedida em um mundo masculino. Ela era inteligente e foi capaz de se tornar uma das pessoas mais influentes no jogo das drogas”, falou Guillermo Navarro, diretor do filme, ao E+.

Griselda Blanco nasceu na Colômbia e se mudou para os Estados Unidos no começo de sua vida adulta. Se envolveu com o tráfico de drogas e se tornou uma das maiores traficantes da droga originária do seu país natal. Adotou uma postura agressiva contra os cartéis adversários e acredita-se que esteja ligada a 200 mortes.

A senhora do crime é interpretada por Catherine Zeta-Jones. “Foi uma oportunidade incrível trabalhar com a Catherine, uma atriz maravilhosa. Juntos pudemos tirar o melhor desse personagem e falar dela como mulher e ser humano”, falou Navarro.

O diretor ressaltou, durante um bate-papo com jornalistas, que as cenas que contam a infância de Griselda são muito importantes para se compreender a sua personalidade. “É preciso entender a psicologia de crianças que são cercadas de violência e não conseguem ter empatia, por isso são capazes de cometer todas essas atrocidades quando crescem”.

“Foi importante para mim começar o filme com uma história de sua infância. Muitos dos criminosos famosos têm sua história por causa das raízes de infância. Saber que ela foi prostituída quando criança e matou uma pessoa aos onze anos, isso marca sua identidade e a partir disso a história se desenvolve”.

Catherine Zeta-Jones no filme 'A Rainha da Cocaína' Foto: Lifetime / Divulgação

Ele acredita que contar uma história do narcotráfico sobre a perspectiva de uma mulher possibilitou novidades para o roteiro do filme. “Minha expectativa é que seja um filme que ajude a compreender o problema das drogas. Esse é um problema mais social e político do que uma questão entre bons e maus”, disse.

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Ganhador do Oscar de melhor fotografia por seu trabalho no longa O Labirinto do Fauno, deixou de lado o ar fantástico ao qual é muito relacionado e adotou um tratamento realista para a trama.

Ele contou que ficou sabendo da história de Griselda quando dirigiu dois episódios da primeira temporada da série da Netflix Narcos, que aborda a história de Pablo Escobar e o seu cartel de Medellín.

“A violência e as drogas na América Latina são temas muito preocupantes e é importante entendê-los. Esta foi uma oportunidade para eu tratar um tema desse calibre em que a personagem principal é uma mulher e, por isso, toda a perspectiva é diferente”.

Narcos é um exemplo de como o narcotráfico tem produzido narrativas muito atrativas para o grande público. Guillermo rebate as críticas de que os produtos midiáticos sobre o assunto possam configurar apologia ao crime. “O problema das drogas é mais amplo do que o crime, ele é só uma parte. O drama existe e a violência é uma consequência do que acontece para que as pessoas em países desenvolvidos possam consumi-las”.

A Rainha da Cocaína estreia no dia 11 de abril, às 22h, pelo canal Lifetime.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

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