Após denúncias contra Kevin Spacey, Netflix cancela 'House of Cards'
Redação - O Estado de S.Paulo
30/10/2017, 17:56
Ator faz o papel de Frank Underwood, protagonista da série
Kevin Spacey em 'House of Cards' Foto: David Giesbrecht / Netflix / Divulgação
A sexta temporada de House of Cards, da Netflix, deve ser a última, afirma o portal Variety. A informação surge logo após Kevin Spacey, principal ator da série, ser acusado de ter assediado um ator de Hollywood quando ele ainda era adolescente.
As gravações da sexta temporada haviam iniciado neste mês. A data de estreia não estava definida, mas é esperada para 2018. Kevin Spacey faz o papel de Frank Underwood, protagonista da série.
A Netflix não se posicionou oficialmente até o momento, mas o portal TVLine afirma ter recebido um comunicado conjunto da empresa de streaming e da produtora da série Media Rights em que se dizem “profundamente preocupados pelas notícias envolvendo Kevin Spacey. Em resposta às revelações, executivos das duas companhias foram a Baltimore se encontrar com o elenco e a equipe para garantir que eles continuem se sentindo seguros e apoiados". A nota diz, também, que Kevin Spacey não estava no estúdio, mas que isso fazia parte do calendário anterior
O site afirmou, ainda, que fontes ligada à Netflix alegaram que a decisão de encerrar a série após a sexta temporada já estava tomada a meses e que não ocorre em resposta ao escândalo envolvendo o ator.
No último domingo, 29, o ator Anthony Rapp deu uma entrevista ao Buzzfeed afirmando que Kevin Spacey o teria assediado durante uma festa quando ele tinha 14 anos.
Posteriormente, Kevin publicou uma resposta em que dizia não se lembrar do caso pois, provavelmente, estava bêbado e pede desculpas. No entanto, ele também usou o momento para declarar sua homossexualidade e foi duramente criticado por alguns que consideraram que ele estaria relacionando sua orientação sexual com assédio e violência.
Kevin, além de principal estrela, era produtor executivo de House of Cards. A série de drama já foi indicada a 53 prêmios Emmy desde que foi lançada, em 2013, e foi fundamental para consolidar a estratégia da Netflix de produzir séries originais.
Veja momentos em que 'House of Cards' lembrou a política da vida real
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Após denúncias contra Kevin Spacey, Netflix cancela 'House of Cards' X
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ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE
Se você é fã de House of Cards, não precisa mais esperar pela 5ª temporada da série. Os novos episódios do drama político estrelado por Frank (Kevin Spacey) e Claire Underwood (Robin Wright) serão liberados pela Netflix nesta terça-feira, 30. Em meio à agitação política, terrorismo, redes sociais e outras situações tão atuais, alguns temas abordados na série são facilmente comparados a momentos da vida real. Confira os principais. (ATENÇÃO: Contém spoilers!)
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2014) / Netflix
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ATENTADO AO PRESIDENTE
Na série, o jornalista Lucas Goodwin se vinga com as próprias mãos e tenta assassinar Frank Underwood. Na história dos Estados Unidos, quatro presidentes já foram assassinados, enquanto outras três tentativas não foram bem sucedidas. A primeira vítima foi Abraham Lincoln, que conduziu o país durante a Guerra Civil Americana e foi assassinado por um simpatizante confederado, em 1865; depois foi a vez do republicano James Garfield, em 1881; William McKinley foi assassinado por um ativista anarquista, em 1901; por fim, um dos casos mais icônicos, John Kennedy levou um tiro e morreu em 1963. Gerald Ford (por duas vezes) e Ronald Reagan sobreviveram a atentados contra suas vidas
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2016) / Netflix | The White House via New York Times
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RELAÇÃO COM PRESIDENTE DA RÚSSIA
Estados Unidos e Rússia sempre foram pólos opostos no jogo político mundial. E a 3ª temporada da série traz este embate como pano de fundo. Surge no enredo a figura do presidente russo Viktor Petrov (interpretado pelo ator dinamarquês Lars Mikkelsen). Com características que remetem a Vladimir Putin (como as iniciais do nome), o personagem provoca Underwood ao beijar Claire durante um jantar do governo. Além disso, prende um ativista LGBT norte-americano e atravessa as negociações de paz no Oriente Médio, tornando-se o maior rival de Frank na política externa
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2015) / Netflix | REUTERS/Kevin Lamarque
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ESPIONAGEM
Na era dos hackers e do vazamento de informações, a série não poderia deixar de falar sobre o assunto. Cabe a Gavin Orsay (Jimmi Simpson) fazer as vezes de ‘Edward Snowden’ da série. Com presença na 2ª e na 3ª temporada, o hacker ajuda o FBI a prender o jornalista Lucas Goodwin, que investigava esquemas de corrupção no governo norte-americano. As semelhanças de Orsay também se estendem a Julian Assange, fundador do Wikileaks que está exilado no Equador. Na atração da Netflix, ele foge do país e se esconde em outra nação sul-americana: a Venezuela
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2014) / Netflix | REUTERS/Vincent Kessler
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RENÚNCIA DO PRESIDENTE
‘Estou a um passo da presidência e não recebi um voto sequer. A democracia é tão superestimada’. A frase polêmica foi dita por Frank Underwood durante sua cerimônia de posse. Ele chegou à presidência, na série, tramando um processo de impeachment contra o então presidente Garrett Walker. Acuado, Walker teve de renunciar, abrindo caminho para Underwood finalmente alcançar seu objetivo. O único presidente norte-americano a renunciar, até hoje, foi o republicano Richard Nixon. Porém, no seu caso não houve tramas para derrubá-lo: investigação do jornal ‘The Washington Post’ denunciou que o Partido Republicano espionou o Partido Democrata durante a campanha de reeleição de Nixon
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2015) / Netflix | Myke Lien/ New York Times
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RELACIONAMENTO COM EMPRESÁRIOS
Não é novidade para ninguém a participação de empresários no mundo da política. Enquanto delações de donos de companhias como JBS e Odebrecht sacodem o Brasil, a série criada por Beau Willimon traz o tema à tona na figura de Raymond Tusk (Gerald McRaney). Na 2ª temporada, ele mostra seu lado chantagista e é o grande responsável pela queda do presidente Garrett Walker (Michael Gill), ameaçando revelar um esquema de lavagem de dinheiro no alto escalão do governo
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2014) / Netflix | Youtube/@Estadão
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TERRORISMO
Manchester, Paris, Berlim, Estocolmo: o mundo vive uma nova onda de terror. O estopim foi o fortalecimento do grupo extremista Estado Islâmico, que chegou a ter o controle de grandes áreas da Síria e do Iraque, mas outros grupos como o Boko Haram, na África, trouxeram preocupação ao mundo. Esses grupos novos possuem métodos violentos de execução de pessoas e utilizam as redes sociais para divulgar sua atuação e atrair adeptos. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, o então presidente George W Bush declarou a ‘guerra ao terror’, uma série de intervenções militares em países onde se considerava que houvesse grupos terroristas. Teasers divulgados pela Netflix apontam que Frank usará o terror como prerrogativa para centralizar o poder em suas mãos na quinta temporada
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2016) / Netflix | Reprodução
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INFLUÊNCIA DA PRIMEIRA-DAMA
Em alguns episódios fica claro a importância de Claire para a campanha de Underwood. Ela é muito mais popular e carismática que seu marido. Por isso, os dois decidem que ela deve participar ativamente de sua campanha. Na vida real, essa situação irremediavelmente remete a Michelle Obama. A então primeira-dama encabeçou campanhas de saúde alimentar nas escolas e fez discursos fortes quando o seu marido precisou, além de ser uma pessoa muito popular
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2016) / Netflix | Larry Downing/ Reuters
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USO DAS REDES SOCIAIS
As redes sociais se tornaram um importante aliado dos políticos em campanhas eleitorais. Na 4ª temporada, Underwood se depara com um adversário que sabe como ninguém usá-las a seu favor: o republicano Will Conway. Interpretado por Joel Kinnaman, o personagem tem em mãos o ‘Pollyhop’, um mecanismo de busca que possibilita entender as preferências de cada eleitor. Com isso, Conway cria uma campanha poderosa que ameaça os planos de reeleição de Frank
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2016) / Netflix | Instagram/@jdoriajr
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LOBBY
Lobista é a pessoa, paga ou voluntária, que atua para influenciar as decisões do poder público e a edição de leis, em favor de empresas ou determinados grupos de interesse. Esse papel existe em todo o globo, porém a sua regulamentação varia de país a país. O personagem Remy Danton é o exemplo de como essa profissão atua na zona cinzenta da política e é preciso criar leis para impedir que sua atuação submita o controle da política a entidades particulares. No Brasil, alguns lobistas foram presos após as investigações deflagradas pela Lava Jato, como o caso de Milton Pascowitch
Foto: Reprodução de cena da série 'House of Cards' (2014) / Netflix | Dida Sampaio/ Estadão
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