1ª série infantil sobre educação sexual é apresentada em festival francês

Obra aborda o tema de forma didática para jovens de nove a 14 anos; iniciativa ajuda a prevenir DSTs, gravidez precoce, violência sexual e outros problemas decorrentes da desinformação

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Por Redação
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Sex Symbols busca suprir falta de conteúdo audiovisual educativo para jovens de nove a 14 anos. Foto: Reprodução / YouTube

A série infantil Sex Symbols (Símbolos Sexuais, em tradução livre) fala sobre sexualidade de forma educativa e foi apresentada no Cartoon Forum, festival realizado neste mês em Toulouse, na França.

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Em entrevista à agência EFE, a criadora do projeto, a espanhola Paloma Mora, diz que a ideia nasceu diante da falta de conteúdo adequado para crianças de nove a 14 anos sobre o tema. 

"Percebemos que as crianças começam a pesquisa sobre sexualidade a partir dos nove anos. Na internet, no entanto, só encontram pornografia", conta ela, destacando que desde cedo os jovens aprender a ver a sexualidade como uma submissão da mulher ao homem, devido aos filmes pornôs.

A obra ainda não foi finalizada e conta com orientações de médicos especializados em educação sexual e planejamento familiar. 

De forma didática e bem-humorada, os capítulos abordarão métodos contraceptivos, ereções, menstruação, passagens de um corpo de criança ao de adulto e dúvidas frequentes entre os jovens, que, se não forem bem esclarecidas, podem culminar em doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e gravidez precoce.

Sex Symbols é produzida pela TV On Producciones e custará 1,8 milhão de euros, o equivalente a R$ 8,2 milhões. O objetivo é finalizar a série ao longo de 2020.

Por que a educação sexual é importante?

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A preocupação em produzir esse tipo de conteúdo pode encontra respaldo na psicologia. De acordo com a psicanálise de Sigmund Freud, o ser humano passa pela fase fálica entre os três e seis anos - faixa-etária que precede a que a série quer atingir. Ou seja, a libido começa a surgir nas genitálias ainda na infância. Em entrevista recente ao E+, a médica e sexóloga Lilian Macri conta que isso já é motivo para os pais se preocupem desde cedo em educar os filhos sobre sexualidade.

“A criança pode sentir a vontade de masturbação, o que é natural, mas tem que explicar a ela que isso não pode ser feito na frente dos outros, não se pode introduzir objetos e precisa estar com a mão limpa. A criança tem que entender que existem limites nisso também”, aconselha Lilian.

Vale ressaltar que uma parcela da sociedade é contra a educação sexual na vida de um jovem sob o argumento de que isso pode levá-lo à promiscuidade. No entanto, a discussão extrapola os achismos e encontra espaço em evidências científicas. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) possui uma cartilha técnica (leia aqui) sugerindo esse tipo de ensino em todos os países, a fim de evitar a gravidez precoce, DSTs e violências sexuais.

Um outro ponto importante nessa questão é que sexo é diferente de sexualidade, gerando confusão na cabeça das pessoas. Segundo Macri, o que uma criança deve aprender é a sexualidade, “que é a forma de você se relacionar com o mundo e com você mesmo para lidar com o consentimento, além de saber até onde ir com o seu corpo e com o do outro”. Já sexo é o ato em si e, ao envolver menores de idade, torna-se crime pelas Leis nº 12.015, de 2009, e nº 8.069, de 1990, com penas de até 30 anos de prisão e multa.

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