SPFW abre com desfile de roupas feitas por presidiários

Coleção é fruto do Projeto Ponto Firme, que oferece aulas de crochê em penitenciária de Guarulhos

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Por Natália Guadagnucci
Atualização:
Projeto já formou mais de 100 alunos no presídio Adriano Marrey Foto: Danilo Sorrino/ Divulgação

Pela primeira vez, uma coleção desenvolvida por detentos estará na passarela da São Paulo Fashion Week (SPFW). O projeto Ponto Firme, idealizado pelo designer e artesão Gustavo Silvestre, vai abrir a 45ª edição do evento, que acontece entre 21 e 26 de abril no Parque do Ibirapuera. Há mais de dois anos, a iniciativa oferece um curso técnico de crochê na penitenciária masculina Adriano Marrey, em Guarulhos, na Grande São Paulo, que garante certificação e também remissão de pena aos participantes. 

“No começo, os rapazes faziam crochê bem simples. Com o tempo, começaram a criar peças de decoração e tapeçaria, e evoluíram para a confecção de roupas”, diz Gustavo. Para exibir as últimas criações dos detentos, ele organizou um desfile na última quarta-feira, 4, dentro do próprio presídio. “É importante sempre criar um propósito para mantê-los interessados”, explica o estilista, que já formou mais de 100 alunos com o Ponto Firme.

Peças de crochê serão desfiladas no primeiro dia da SPFW Foto: Danilo Sorrino/ Divulgação

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O resultado final das roupas de crochê foi tão positivo que Silvestre quis expandir os horizontes do projeto. “Pensei que seria muito legal se pudéssemos mostrar essas peças fora [da penitenciária]. Então procurei o Paulo Borges [criador e diretor criativo da SPFW], que recebeu a ideia de braços abertos. O projeto tem essa natureza, as pessoas quando entram em contato sempre querem contribuir de alguma forma”.

O desfile na semana de moda será uma versão expandida do que já foi mostrado, com direito a looks exclusivos para o evento e uma parceria com a Melissa, que trará sapatos da marca customizados pelos detentos. “O poder de transformação está em nossas mãos”, escreveu o artesão em seu Instagram. 

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