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Os segredos do Baile do MET: o que é, quanto custa e quem pode ir

Saiba tudo sobre uma das festas mais importantes do ano, incluindo quem são os anfitriões, quais são os trajes apropriados e o que não pode fazer

Por Vanessa Friedman
Atualização:
Sean Combs senta no tapete da entrada do Metropolitan Museum of Art Foto: Benjamin Norman/The New York Times

Oficialmente, é um evento beneficiente, uma festa black-tie que ocorre tradicionamente na primeira segunda-feira de maio para arrecadar dinheiro para o Costume Institute (o departamento de moda) do Metropolitan Museum of Art (MET), em Nova York.  Não oficialmente, o baile é chamado de muitas coisas, incluindo "a festa do ano", "o Oscar da Costa Leste" (principalmente por causa da quantidade de estrelas e do red carpet montado na entrada do museu) e, como descrito pelo publicitário Paul Wilmot, "o caixa 24h do MET".  O evento ocorre para celebrar a abertura da exposição anual do Costume Institute e é conhecido por seus anfitriões famosos e fashionistas, que mudam todo os anos. Em 2018, o tema é Heavenly Bodies: Fashion and the Catholic Imagination (corpos celestiais: moda e a imaginação católica, em português) e quem recebe os convidados são Anna Wintour (editora-chefe da Vogue America e uma espécie de Mágica de Oz deste evento particular), Rihanna (que está no filme Ocean's 8, que se passa no Met Gala e estreia em junho), Donatella Versace (porque seu irmão Gianni tinha uma fascinação pela iconografia católica), e Amal Clooney (porque... bem, quem não quer ser recebido por Amal Clooney?).  Stephen A. Schawazman, fundador da Blackstone, e sua esposa, Christine, possuem cadeiras hononárias. Eles são os primeiros a patrocinar a exposição de moda desde 1997. Isso é importante. E também bem caro. 

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Falando de dinheiro, quanto custa o Baile do MET? Os ingressos esses anos custam 30 mil dólares por pessoa e as mesas saem por 275 mil. Tanto a festa quanto a mostra são patrocinadas. Todo o dinheiro arrecadado com a venda dos convites vai para o Costume Institute, que precisa dele por ser o único departamento curatorial do MET que se banca sozinho. Ter colocado moda como arte foi uma proposta um tanto polêmica quando o instituto foi fundado.  Em 2017, mais de 12 milhões de dólares foram arrecadados. Claro que nem todos pagam para entrar. Algumas marcas costumam comprar mesas e convidar celebridades a sentarem com eles e, às vezes, Anna Wintour chama alguns estilistas que não podem pagar um ingresso. Isso faz com que eles fiquem muito felizes e sintam como se tivessem conquistado ela. 

Mas porque alguém pagaria tanto por uma festa? Anna, a editora da Vogue America e diretora artísitica da Condé Nast, se tornou presidente do evento em 1995. Ela assumiu o comando anual em 1999. Desde então, ela transformou o baile de um evento filantrópico local em uma festa global lotada de celebridades, reunindo os maiores nomes da moda, do cinema, da política e dos negócios.  Essa virou a menina de ouro da festas, que estabelece os padrões para todas as outras. Foi na edição de 2004 que Donald Trump pediu sua esposa, Melania, em casamento. (Caso você esteja se perguntando: o casal não irá neste ano). Esse evento tem um dos ingressos mais difíceis de conseguir e, portanto, intessamente cobiçado. 

Espere um pouco. O papa atual não fala sobre inclusão e pobreza? Como isso funciona? O Vaticano não ve problema nenhum nisso, tanto que deu seu selo de aprovação emprestando cerca de 50 peças da sacristia da Capela Sistina, então porque você veria? O raciocínio parece ser: qualquer coisa que celebre o catolicismo e o abra para um público mais amplo é uma coisa boa, e a exposição é exatamente isso.  As mostras do Costume Institute de 2015 e 2016 receberam, cada uma, mais de 700 mil visitantes, o que faz delas as mostras mais visitadas da história do MET. Ainda assim, o curador Andrew Bolton foi cuidadoso ao separar as roupas da Igreja das criadas por estilistas. As peças sagradas irão ser expostas no Anna Wintour Costume Center, e as profanas em um local separado. 

Jourdan Dunn e Cassie Ventura durante o baile Foto: Landon Nordeman/The New York Times

Quantas pessoas vão ao baile? No ano passado, cerca de 550. Mas foi um evento intimista que celebrava uma mostra intimista, Rei Kawakubo/Comme des Garçons: Art of the In-Between, um tritubo ao trabalho da designer japonesa que disse uma vez que sua meta com as coleções era "não fazer roupas."  Contrastantando com isso, "Corpos Celestiais" será a maior exposição que o Costume Institue já produziu - cerca de 58,6 mil metros quadrados divididos em três galerias: o Anna Wintour Costume Center e os ambientes medievais no Met na Quinta Avenida, e no Cloisters, no extremo norte de Manhattan. A expectativa é de que o baile seja igualmente ambicioso. 

E, falando de roupas, os convidados devem se vestir no tema?  Não é obrigatório se vestir de acordo com a exposição, mas é de bom tom. Isso também pode gerar muitas polêmicas. Em 2015, a mostra era China: Through the Looking Glass, e criou alguns momentos politicamente incorretos porque algumas das celebridades decidiram usar referências asiáticas confusas. Lady Gaga, por exemplo, usou um vestido da Balenciaga que lembrava um kimono, que na verdade é da cultura japonesa. O mesmo fez Georgia May Jagger, de Gucci.)  Em 2016, o tema era Manus ex Machina, o que significou quase que todo o clã Kardashian-Jenner brilhando de Balmain. No ano passado, Helen Lasichanh, esposa dePharrell Williams, se jogou no espírito da noite com um macacão vermelho Comme des Garçons, que cobriu seu corpo inteiro, mas não tinha espaço para os braços. A coisa toda estava um pouco complicada.  Esse ano, o dress code é Sunday Best (o melhor do domingo, em português), o que é uma maneira espirituosa de lembrar a Igreja e deixar a porta aberta para que os convidados escolham vestidos de gala lindos. Wintour prefere sempre usar Chanel, mas Rihanna ama seguir o tema: Em 2015, ela desfilou com uma capa dourada criada pelo chines Guo Pei, que inspirou uma série de memes, e no ano passado optou por um modelo recém saído da Comme des Garçons. É provável que nós veremos muitas roupas de padres, joias de cruz e iconografias angelicais. Com sorte, sem estar saturado. Se a Madonna aparecer (e, realmente, como uma marca poderia resistir a este convite?), só Deus sabe o que ela irá usar. 

Rihanna com a famosa capa dourada feita pelo estilista chinês Guo Pei Foto: REUTERS/Lucas Jackson/File Photo

E as celebridades? Se as celebridades são convidadas por uma marca, existe uma regra velada de que elas tem que usar peças daquela grife. Isso encoraja as grifes a tentar conseguir as melhores estrelas, já que elas funcionam como um outdoor para eles. E também por isso que, sempre que os estilistas são fotografados no tapete vermelho, seus acompanhantes são sempre pessoas famosas. Em 2017, por exemplo, Stella McCartney levou Kate Judson e Naomi Watss, enquanto Alexander Wang fez par com Bella Hadid.  Se olharmos uma bola de cristal, levando em conta que Donatella praticamente quebrou a internet no ano passado em desfile de primavera colocando as supermodelos Naomi Campbell, Cindy Crawford, Carla Bruni Sarkozy, Claudia Schiffer e Helena Christensen na passarela, podería apostar que alguma delas irá aparecer como uma deusa de longos dourados da Versace. (Bom, isso tem haver com crenças e adoração.) No passado, Beyoncé ficou famosa por ser a última a chegar, mas pulou a última edição porque estava grávida dos gêmeos. Se ela fará o seu retorno trinfual neste ano é o suspense da noite. 

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Jaden Smith, Kylie Jenner e Ansel Elgort conversando no baile do MET Foto: Landon Nordeman/The New York Times

Tá, mas e dentro da festa, o que rola?  É um segredo! Nos últimos três anos, posts em redes sociais foram proibídos após o red carpet (embora em 2017 tenha surgido uma enxurrada de selfies no espelho e cliques de celebridades fumando no banheiro do museu). O que eu posso dizer é que tem uma fila de boa vindas com os anfitriões, e os convidados devem comprimentar todos. Depois, tem uma tour pela exposição (ou pelo menos a parte que fica no MET), até chegar em um coquetel, então, teoricamente, eles são forçados a adquirir um pouco de cultura.  Depois dos drinks, eles são chamados para o jantar, no qual ocorre alguma perfomance artística. (Ano passado, foi Katy Perry). Isso é bom, porque o tapete vermelho se tornou um grande evento de marketing - a Vogue até faz uma edição da revista com os detalhes - o fato de que a maior parte do evento é privado permite que os convidados relaxem e se divirtam.  Pelo menos é o que eles me contam. 

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