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O que mudou na rotina dos salões de beleza com a crise da água

Usar menos toalhas e pedir para a cliente lavar o cabelo em casa estão entre as medidas adotadas por grandes cabeleireiros de São Paulo para enfrentar o racionamento

Por Giuliana Mesquita
Atualização:
C. Kamura, nos Jardins, sofre com a falta de água desde agosto Foto: Divulgação

Demoradas lavagens de cabelo, hidratações longas, bacias d’água para manicures. Tudo isso virou faz parte do passado nos salões de beleza de São Paulo. A crise hídrica já afeta e muda a rotina de todos os cabeleireiros da cidade, que tem que se virar para criar alternativas eficientes e econômicas para suas práticas mais comuns. “Estamos reeducando nossos funcionários e, para as clientes mais íntimas, pedimos para que elas já venham com os fios lavados”, afirma Juliana Vieira, responsável pela área de marketing do C.Kamura. Localizado nos Jardins, o salão comandado por Celso Kamura, cabeleireiro da presidente Dilma e da apresentadora Angélica, já sofre com o racionamento desde o último mês de agosto.

No Lab. Duda Molinos, em Higienópolis, a primeira lavagem é realizada ainda na cadeira. “Molhamos o cabelo com o borrifador, que gasta muito menos água, passamos o xampu e só depois a pessoa vai para o lavatório”, explica Paula Bramont, coordenadora de marketing do salão. Quem criou o método foi João Boccaletto, sócio de Duda Molinos, maquiador queridinho de globais como Gabriela Duarte e Carolina Dieckmann. O empresário também aboliu o potinho de água usado pelas manicures. Agora a ordem é usar luvas hidratantes para mãos e pés. Apesar das medidas estarem em vigor há dois meses, os proprietários ainda não perceberam números significativos na diminuição do uso de água.

O interior do Lab. Duda Molinos, em Higienópolis Foto: Divulgação

Já no espaço do cabeleireiro Marcos Proença, no Jardim Paulistano, a economia resultou em uma diminuição de 30% no valor da conta de fevereiro em relação a janeiro. O salão frequentado pelas atrizes Deborah Secco e Flávia Alessandra adotou procedimentos simples, como reduzir o tempo da lavagem e abrir a torneira apenas no exato momento do enxágue. "Infelizmente, por causa dos componentes químicos dos produtos, não podemos fazer o reúso da água dos lavatórios", afirma Katia Muller, da área de marketing. “Mas já planejamos uma obra para captar a água da chuva, que será usada nos sanitários.”

Os jardins do salão de Marcos Proença Foto: Divulgação

Janine Goossens, sócia e fundadora da rede Jacques Janine, distribuiu um a seus 35 franqueados paulistanos sugerindo que lavassem o cabelo das freguesas apenas uma vez e usassem menos toalhas. Muito empenhadas, Maristela Saletti de Araújo e Angélica Torretta, proprietárias das filiais do Jardim Paulista e do Shopping Ibirapuera, respectivamente, não apenas seguiram as recomendações à risca como também passaram a separar as lavagens normais daquelas que envolvem coloração e química. Assim, conseguem reutilizar pelo menos a água que tem resíduos de xampu e condicionador em descargas e na limpeza dos salões.Com sete unidades na capital, o Studio W, de Wanderley Nunes, incentiva seus profissionais a realizarem o corte de cabelo a seco. “Fazemos nosso máximo, mas não podemos impor nada às clientes.”

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