'O mercado quer vender e as pessoas não se identificam com uma modelo de 16 anos'

Prestes a completar 26 anos, dez de carreira, a top catarinense Barbara di Creddo, que estrela campanhas nacionais e internacionais, fala sobre a carreira e o dia a dia de uma modelo

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Por Marília Marasciulo
Atualização:
Com dez anos de carreira, a catarinense Barbara di Creddo é o atual rosto da marca de lingerie Hope. Foto: Divulgação

Em uma conversa rápida, é difícil acreditar que a modelo Barbara di Creddo tem quase 26 anos. Com uma década de carreira, a top de Joinville já foi estrela da campanha mundial da Clarins, posou para catálogos da Victoria’s Secret, fez campanhas para Michael Kors, Armani e Juicy Couture e, entre outros trabalhos atuais, é o rosto da marca de lingerie Hope. Nem para comemorar o aniversário, nesta sexta-feira, primeiro, ela vai parar: está fotografando na Colômbia. "Na carreira de modelo, é muito louco, você faz tudo muito cedo e é muito intenso", afirma. "Às vezes, fico meio abalada. É preciso se acostumar a passar um mês vivendo só com a sua mala, andando de um lugar para o outro." A seguir, de Nova York, onde mora, ela fala mais sobre a carreira e o dia a dia de uma modelo.  Você começou a carreira nova e meio “por acaso”, descoberta por um olheiro. Ser modelo era algo com o que você sonhava? Foi o olheiro de uma agência de Joinville que me descobriu, mas no começo não fiquei muito empolgada. Minha mãe me incentivou e insistiu para eu pelo menos ir até a agência. Depois de um mês, o pessoal da Next de Nova York me encontrou e logo me trouxeram para cá. Foi tudo muito rápido. Eu não acho que ninguém pensa muito "ai, quero ser modelo", não é uma carreira que funciona bem assim. Depende muito de um olheiro, de uma agência ou de um concurso.   Quais dificuldades você enfrentou no início e quais enfrenta hoje? As dificuldades são bem parecidas. Ficar longe da família ainda é muito difícil para mim, tenho irmãos pequenos e sinto muita saudade deles. Quando preciso ficar dois, três meses longe, fico bem triste. No início, tive que me virar sozinha, sem nem falar inglês. Minha mãe não podia vir comigo por causa do meu irmão, que era muito pequeno.   O que diria para alguém que está começando? Quando você começa, seja em Nova York ou em qualquer outro lugar do mundo, tudo fica muito fácil, e aí é também muito fácil perder o foco. Sempre mantive em mente que vim trabalhar e acho que esse é um dos motivos para ter dado tudo certo. Sei que quando você é nova, é difícil entender. Você muitas vezes nem quer trabalhar. Lembro que eu, com 16 anos, não queria acordar às seis da manhã para fotografar. Achava isso um absurdo. Mas se você tem foco, as coisas acontecem mais rápido e sua carreira melhora. 

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 Do que você mais gosta na profissão? Ultimamente tenho viajado para muitos lugares incríveis, para os quais não sei se iria se não fosse modelo. Tenho muita sorte de poder conhecer lugares muito legais.   E do que menos gosta? Na carreira de modelo, é muito louco, porque você faz tudo muito cedo e é muito intenso. Já estou até meio cansada, do tipo "quero me aposentar", mas é claro que não vou. É muito tempo longe da família, muito tempo sozinha, viajando, em hotel. Às vezes fico meio abalada. É preciso se acostumar a passar um mês vivendo só com a sua mala, andando de um lugar para outro.  Como enxerga a carreira de modelo atualmente? Mudou muito de dez anos para cá? Mudou muito. Acho que o mercado mudou bastante também. Quando comecei a modelar, eles gostavam de meninas mais novas e com cara de mais nova. Acho que naquela época  alguém com minha idade não estaria mais trabalhando. Mas hoje vejo que eles querem uma mulher. O mercado quer vender e as pessoas não se identificam com uma modelo de 16 anos. Acho que hoje as modelos estão mais velhas, maduras, mulheres. Isso ajudou a gente a continuar no mercado. É graças a isso que estou trabalhando mais do que nunca. Só não sei quanto tempo vai durar essa fase do mercado.  Você já fez várias fotos em que aparece seminua. Você se sente confortável neste tipo de trabalho? Eu me sinto bem confortável, enxergo como uma arte. Se o fotógrafo tem bom gosto, acho difícil sair feio. Não tenho vergonha do meu corpo. Ele é meu, a única coisa de que sou dona mesmo. E acho todos os tipos de corpo bonitos, ninguém deveria ter vergonha de mostrar. Todo mundo tem a mesma coisa, então se é feito com bom gosto, sem ser vulgar, é lindo. Estou até tentando conseguir a foto que um fotógrafo de Nova York fez e imprimiu gigante para colocar no meu apartamento.   Pensa em voltar a estudar? Penso muito em voltar a estudar. No dia em que tiver tempo, com certeza vou fazer alguma coisa. Gostaria de trabalhar com biologia na praia, ou em alguma ONG. Eu surfo, então seria legal ficar mais perto do mar. Mas algum curso seria bom também… Não sei bem o que, eu quero fazer tudo!  Além do surf, que outros esportes você pratica? Tenho feito mais pilates e ioga. Como fico muito tempo no avião, é bom porque alongo e crio resistência. Quando tiver um pouco mais tempo, pretendo voltar a correr. Mas eu respeito muito meu corpo, o mais importante para mim é dormir. Em segundo lugar, cuido da alimentação, tento comer muito clean. Não como açúcar, não tomo refrigerante, evito comer pão, como muitos legumes.

Você mora fora há muitos anos. Do que sente mais falta no Brasil? Pensa em voltar? É muito engraçado, porque eu gosto de Nova York, mas não amo. Não me vejo morando aqui para sempre. Sinto muita falta do Brasil, da temperatura, da comida, das pessoas, da praia, da cultura. Aqui todo mundo vive no automático, falta viver mais no presente. Passei um mês no Brasil no ano novo, em Cambury, e foi maravilhoso. Acho que não usei sapato durante um mês!  

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