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O creme que foi testado no espaço

Como a Kiehl’s enviou um hidratante ao espaço e expandiu as fronteiras de marketing para cosméticos

Por Maria Cecília Prado
Atualização:
Embalagem e parafernália técnica colocada em um balão metereológico Foto: Divulgação

Qual o sentido de acoplar um hidratante a um balão espacial e despachá-lo para fazer uma viagem a mais de 30 km acima da superfície da Terra? Todo, segundo o time da marca americana Kiehl’s. Afinal, o tratamento facial em questão: a-) é um lançamento de peso da empresa, b-) foca no público masculino, que costuma se interessar por experiências hi-tech e c-) inclui em sua fórmula um gel desenvolvido originalmente para funcionar como isolante no Mars Explotation Rover - robozinho da NASA que ficou famoso ao ser enviado à Marte para explorar o solo do planeta. 

“Na época (1997), os engenheiros usaram o aerogel para manter o rover protegido contra variações térmicas. Depois, o utilizaram com outro objetivo, o de capturar poeira cósmica em viagens da sonda Stardust”, conta Geoff Genesky, chefe do laboratório de cuidados com a pele e gerente de pesquisa e inovação da Kiehl’s. “Recentemente, nossa equipe científica descobriu que ele tem alto poder de absorver oleosidade. Decidimos adaptá-lo para o uso cosmético e incorporamos a tecnologia, batizada de aerolite, a um produto voltado para os homens, que costumam sofrer com o excesso de óleo na pele.” A conexão entre a proposta do Oil Eliminator 24-Hour Anti-Shine Moisturizer e a estratégia de marketing criada para apresentá-lo era, em uma palavra, intrínseca. Assim, o plano de levar a cabo uma odisseia no espaço acabou se desenrolando de uma forma natural.

Um quebra-cabeça para instalar câmeras e computador de vôo sem afetar a aerodinâmica do mecanismo Foto: Divulgação

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Natural, mas nem um pouco simples. Envolveu o desafio de agregarembalagem e parafernália técnica a um balão metereológico sem atingir o limite de peso (seis quilos) que comprometeria sua navegabilidade. O quebra-cabeça de instalar câmeras e computador de vôo sem afetar a aerodinâmica do mecanismo. E todo o processo investigativo para encontrar equipamentos eletrônicos e baterias que não falissem ao enfrentar temperaturas menores que 30º negativos, facilmente atingidas quando se alcança uma altitude extrema. Seis meses de trabalho duro, muito investimento (o valor não é divulgado pela empresa) e vários vôos-teste depois, a ideia decolou. Em 24 de abril passado, o Oil Eliminator deixou a Terra, fez seu passeio pela atmosfera e retornou ao solo pouco mais de uma hora depois. Para felicidade (e alívio) do time envolvido no projeto, pousou intacto em uma fazenda no estado americano da Pensilvânia, a 145 km de distância de seu ponto de partida.

Com o produto são e salvo de volta à Terra - e com a integridade de sua fórmula checada após a epopeia - a Kiehl’s enviou outras 200 unidades para cumprirem a mesma trajetória. Está, desde junho, disponibilizando essas edições especiais em alguns pontos de venda - chegam às gôndolas ao mesmo tempo em que a linha Oil Eliminator é apresentada para os consumidores. A estreia ocorreu nos EUA; o início de vendas no Brasil está previsto para o primeiro semestre do ano que vem. Quem comprar rapidamente, comprou. Quem não comprar, perde a chance de exibir o certificado que atesta o caminho insólito percorrido por seu cosmético e de contar para os amigos que tem em casa um potinho de tratamento quase extraterrestre. Benefício técnico da experiência? O de comprovar, ainda que de maneira não exatamente científica, que a formulação resiste a desafios extremos. Benefício institucional? Incalculável. Que homem minimamente vaidoso não irá se interessar por uma história do gênero?

Para assistir a um vídeo que demonstra como foi o projeto, acesse o link http://kiehlsinspace.com/

Em 24 de abril passado, o Oil Eliminator deixou a Terra, fez seu passeio pela atmosfera e retornou ao solo pouco mais de uma hora depois Foto: Divulgação
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