'O consumidor quer algo mais', diz estilista Lolita Hannud

A paulistana, que já teve suas criações vistas em Gisele Bündchen e no seriado Gossip Girl, revela como se comunica com a consumidora em tempos de alta rotatividade na moda

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Por Jorge Grimberg
Atualização:
Lolita usa as redes sociais para conversar com as clientes de sua marca Foto: Pedro Arieta/Lolitta/Divulgação

A empresária e estilista Lolita Hannud é um caso raro na moda nacional. Jovem e esperta, comanda sua marca homônima (na grife, Lolitta tem dois ts por conta da numerologia) com pulso firme e foco em negócios. Sucesso mundo afora, seus looks já foram vistos em personalidades como Gisele Bündchen e a atriz Leighton Meester, ao interpretar a personagem Blair Waldorf, do seriado norte-americano 'Gossip Girl'.

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Atenta às tendências do consumo, Lolita assumiu o papel de influenciadora de sua própria marca, postando fotos de seus looks em sua conta pessoal de Instagram.A visibilidade acabou chamando a atenção de outras grifes, levando-a a lançar projetos como uma linha de óculos em parceria com uma joalheria.

De volta ao Brasil após uma temporada em Nova York, onde estudou negócios de moda e expandiu contatos para a sua grife, Lolitta conversou com o E+ sobre seu papel na moda nacional e como faz para manter-se relevante em tempos de alta rotatividade de imagens e ideias. 

Como você vê o momento da moda hoje no Brasil e no mundo, e como a Lolitta se encaixa?

Acho que hoje o consumidor quer algo mais: uma experiência, algo diferente, não apenas uma roupa. Eu, como estilista e empresária, me preocupo com isso. Trata-se muito mais de qualidade e estilo atemporal, algo de que a consumidora não vai cansar em seis meses, do que fazer algo para agora que não será relevante no futuro. 

Você é extremamente ativa no Instagram. Como usa as redes sociais para se comunicar com seus clientes?

Tenho duas redes sociais, a da marca e a minha. Na da marca, focamos no produto, e o conteúdo é mais tecnico. Na minha, foco no lifestyle que vivo, que inclui o meu trabalho, mas também em alimentação, viagem e coisas de que gosto. Eu acredito que sou a personificação da marca, então entra o meu dia-a-dia, as coisas que eu curto e são verdadeiras.

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O que mudou na comunicação de moda nestes 10 anos de sua marca?

É difícil dizer o que já mudou. Estamos em constante mudança. Eu lembro de quando comecei a minha conta no Instagram. Eu ainda estava na faculdade, e pouca gente tinha a rede social. Hoje, as pessoas gostam de ver pessoas, e minha marca nasceu nesse formato. As pessoas querem algo mais do que apenas comprar roupas, e algumas mídias não mostram o verdadeiro universo que a marca propõe. Acho que as pessoas querem ver as coisas de verdade, e é isso que eu proponho. Quais são os processos? Como aquela roupa pode ser usada? Tem tudo a ver com mostrar os bastidores e agregar valor aos produtos. 

Em quais ações, entre desfile, catálogos, anúncios e redes sociais, você encontra maior retorno?

O que dá mais retorno hoje é um mistério, pois estamos precisando renovar sempre para não ser apenas mais uma marca. Estamos em um momento de adaptação. Conseguimos fazer um catálogo impresso e mandamos nas casas das clientes. Achamos que isso ia morrer, mas, pelo contrário, temos encontrado bons resultados com essa ação. O Instagram, sem dúvidas, é uma ferramenta que dá bastante resultado, mas está se tornando muito comercial, no sentido de privilegiar as contas que anunciam, e assim marcas e pessoas mais famosas aparecem menos. Mas o Instagram e o Facebook dão muito retorno. 

Algumas pessoas falam sobre você como uma influenciadora. Você gosta desse título?

Não me incomodo com esse termo, porque é exatamente isso que quero passar. Não quero cobrar por posts. Eu jamais associaria o meu nome a algo que eu não usaria, mas, no meu Instagram pessoal, consigo mostrar do que realmente gosto e o que faço, como eu trabalho. Trago o conteúdo real. Acho que acaba sendo muito legal, porque consigo trazer as coisas que valorizo em contexto.

Quem você segue no Instagram que realmente a inspira?

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Eu sigo muitos amigos, marcas de designers de móveis e arte, mas não tenho seguido muitas contas de moda. Porém, tem uma pessoa que adoro, que é a Miroslava Duma (@miraduma). Eu me identifico com ela por vários motivos. Primeiro, porque ela mora em um país que não é reconhecido pela moda, como vejo que é o caso do Brasil, por não estar na Europa ou Estados Unidos, onde a moda está centralizada. Segundo, porque ela é pequena e não se enquadra no padrão de modelos. E terceiro, porque ela é muito trabalhadora, ama aprender, sempre apresenta novos conteúdos. Ela agora está envolvida em tecnologia, e defende o empoderamento feminino. Ela frequenta o circuito fashion, mas também mostra um lado família, com filhos, bem humano. Eu adoraria vesti-la!

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