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'Não quero ser uma vegetariana chata', diz Yasmin Brunet

Modelo fala sobre seu estilo de vida, feminismo, alimentação e meio ambiente

Por Anna Rombino
Atualização:
Yasmin Brunet é vegetariana e militante da causa Foto: Instagram.com/yasminbrunet1

Yasmin Brunet é um fenômeno das redes sociais. Filha da modelo Luiza Brunet, ela desfila desde os 14 anos, mas foi com o Instagram que ficou conhecida pelo grande público - e não exatamente por causa de suas selfies e dos looks do dia. Com seus 1,7 milhão de seguidores, Yasmin compartilha sua dieta vegetariana, fala sobre a causa animal, feminismo, consumo consciente e estilo de vida saudável, sem muitas papas na língua. No lançamento da coleção de inverno da Hope, que ocorreu na loja da marca da Oscar Freire, ela fala sobre alimentação, veganismo, meio ambiente, preconceito e dispara: "No fundo, você sabe o que é certo e errado". 

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As pessoas têm muitas dúvidas quanto a isso. Você é vegetariana ou vegana? Sou vegetariana. E não é uma dieta, não gosto quando as pessoas falam isso, é uma forma de alimentação consciente, que se importa não só com si mesmo mas também com o meio ambiente e com os animais. No Brasil, as pessoas não sabem muito a diferença. O veganismo é um estilo de vida no qual você não explora animais de nenhuma forma. Então o vegano não usa couro, não usa nenhum ingrediente de origem animal, não dá dinheiro para nenhuma marca que faz testes em animais. É muito maior do que deixar de comer coisas. 

E porque você não é vegana?  No momento, no meio em que eu estou inserida, é complicado virar vegana, porque isso envolve trabalhos e clientes, mas acredito que um dia vou virar. Para mim, as pessoas que são veganas são seres extremamente evoluídos, principalmente quando inseridas nesse meio, como a Luisa Mell. Quando eu virar vegana, vou morar no meio do mato. 

Porque você acha que as pessoas ainda criticam muito o estilo de vida vegetariano? Guerra de consciência. No fundo, você sabe o que é certo e errado, ninguém precisa te dizer. Quando alguém cutuca um hábito seu, que você tem a vida inteira, mas que você sabe que poderia fazer uma mudança, é uma guerra interna. Então ela ataca para não aceitar o que está sendo dito. Por um lado, entendo porque as pessoas fazem isso. Toda mudança é difícil, mas o ser humano se adapta a tudo.

Você sempre se identificou com a causa animal ou essa consciência foi crescendo em você? Sempre comi todos os tipos de animais. Meu pai é argentino e na minha casa não podia ter frescura para comer. Eu comia pé de galinha, moela, pescoço, língua de boi... Consigo entender quem diz que não consegue virar vegetariano porque ama carne, porque eu comi minha vida inteira e gostava. Mas não se trata só do meu paladar. Na hora em que você faz a ligação de que aquilo que está no seu prato é a parte do corpo de um animal, você muda sua consciência. Eu não vejo mais comida naquilo.

Você está acompanhando esse movimento das marcas de luxo que estão parando de usar pele animal? Marcas como Gucci e Givenchy já aderiram.  É o futuro. As pessoas estão percebendo os impactos ambientais que causamos. Temos que parar agora e tentar reverter os estragos que fizemos com nossa casa. O ser humano é parte de tudo, não estamos excluídos do resto do ecossistema. Se você quiser entender melhor o que eu estou falando, assista ao filme Pocahontas e ouça a música que ela canta sobre as cores do vento. Tudo se completa. Se a gente não mudar a nossa mentalidade, não teremos para onde ir. 

Outra bandeira que você faz questão de levantar nas redes sociais é de uma sociedade igualitária. Você é feminista? Acho que toda mulher é feminista. Minha mãe sempre foi muito independente, nunca dependeu de homem nem de ninguém. Cresci com uma figura de mulher forte em casa, então para mim é uma coisa natural. Quero igualdade para tudo e todos. Deveríamos tratar os animais como iguais, assim como as mulheres e os homens, assim como as raças. Não tem diferença.

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E você acha que tem um impacto no estilo de vida dos seus seguidores?  Só hoje umas três pessoas me pararam para falar que viraram vegetarianas por minha causa. Acho surreal. Pra mim, vale muito mais alguém falar isso do que elogiar meu cabelo. Nunca pensei que pudesse influenciar alguém a ponto de interferir em um hábito que a pessoa pratica todo dia.

Mas você posta as coisas pensando que vai influenciar alguém? Na minha cabeça, eu tenho que postar, mas não para influenciar, não consigo explicar. Acredito que quando você tenta mudar muito uma pessoa, é natural que ela resista. Na minha casa, por exemplo, todo mundo come carne. Eu tenho que respeitar, porque cada ser humano é um. Não quero ser uma vegetariana chata, que as pessoas acham que estou impondo os meus hábitos. Você não pode ter compaixão pelos animais sem ter empatia pelos outros [seres humanos].

Você tenta aplicar o estilo de vida vegetariano também em outras áreas da sua vida?  Gosto de usar cosméticos naturais. Pesquiso muito. O Google é meu melhor amigo. Evito marcas que testam em animais e aqueles ingredientes que fazem mal. Tem alguns que até causam câncer! Eu já fui uma pessoa bem descuidada. Fumante, comia mal. Logo depois que parei de comer carne, parei de fumar. Estava tendo compaixão pelos animais mas não por mim. Depois disso, comecei a mudar tudo. O vegetarianismo é incrível porque abre uma porta que muda seu mundo inteiro, não é só deixar de comer carne.

E o óleo de coco? Você foi uma das responsáveis pela febre de usá-lo como cosmético.  Eu acho isso muito engraçado! Eu amo o óleo de coco, mas aprendi que ele não funciona para todos os tipos de cabelo, tem alguns que ressecam com ele. E o óleo de coco também é comedogênico, ou seja, pode causar espinhas. É muito pessoal, tem que testar. Amo também o óleo de tamanu, o de argan, abacate... Ah, e o azeite de oliva extra virgem. Dá para passar na pele, no cabelo, nas cutículas, usar para tirar a maquiagem. Ele é o segredo das italianas.