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Moda brasileira aposta em lojas pop-up em países estrangeiros

Grupo FHits terá venda temporária em Estocolmo em agosto para divulgar a moda nacional e abrir caminho para exportação

Por Júlia Tibério
Atualização:
Alice Ferraz vai abrir uma loja pop-pop em Estocolmo que venderá marcas brasileiras Foto: Divulgação

Grupos brasileiros têm investido cada vez mais em lojas pop-up, um estabelecimento montado para durar uma curta temporada, vender uma grande quantidade de mercadoria de diversas grifes e levar a moda nacional para fora do país. Com esse modelo de loja, é possível exportar milhões de dólares em apenas um final de semana ou apresentar marcas menos conhecidas em território internacional e, assim, abrir caminho para as exportações.

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Neste verão europeu, O Grupo FHits, liderado pela empresária Alice Ferraz, vai abrir uma pop-up em Estocolmo, que funcionará por um mês a partir de 22 de agosto, e venderá marcas brasileiras e locais - o evento será prestigiado pela rainha Silvia, que encontrará a equipe do FHits. “Quando estive na Suécia, vi que eles tinham uma identidade de moda muito forte e pouco conhecida, quis fazer algo que divulgasse a nossa moda lá e a deles aqui”, diz a empresária. Entre as ações, um editorial de moda na Vogue Brasil de agosto só com as roupas que estarão à venda na pop-up chamada de O Sol da Meia-Noite e a garantia de que oito marcas suecas chegarão às araras brasileiras até o final do ano. “A minha ideia no momento é fechar parcerias com lugares inusitados, em que a moda brasileira ainda não tem conexão alguma”, diz Alice.

Pioneiro nesse modelo de negócio, o Grupo FHits, avaliado em 30 milhões de reais, teve recentemente 20% de suas participações compradas pelo grupo de investimentos sueco New Bridge Capital. A primeira vez que o grupo montou uma pop-up fora do Brasil foi há dois anos, em Londres, e desde então não parou mais. “A minha função é promover a moda brasileira para o mundo, por isso criei o grupo e invisto em blogueiras, que são formadoras de opinião”, explica Alice. O site, que concentra diversos blogs de moda, tem certa de 20 milhões de page views por mês, o próprio e-commerce e um canal de TV online. Com os posts feitos pelas blogueiras, Alice também divulga as marcas para as quais presta assessoria de imprensa (entre elas, Tigresse, FIT, Cecilia Prado, Triya, Pat’s Pat’s e Thelure). Com os milhões de acessos das páginas e os milhares de seguidores no Instagram (as três mais populares são a nova contratada do FHits, a atriz Sophia Abrahão com 815 mil seguidores, Lalá Noleto com 400 mil e Mariah Bernardes com 300 mil), a audiência é garantida.

Para as grifes que participam do projeto em Estocolmo, a iniciativa é uma excelente porta de entrada para o mercado fashion exterior. “Esse tipo de ação é muito importante para nós, já que é uma oportunidade de conquistar mercado na Europa. Pretendemos vender mais ou menos 20 mil reais nos dias de evento”, afirma Renata Figueiredo, dona da Tigresse. As marcas que vão para a Suécia não precisam se preocupar com infraestutura, já que Alice Ferraz faz toda movimentação necessária. “O investimento é de mais ou menos um milhão de reais, viajaremos em um grupo de 30 pessoas, entre organizadores, estilistas e blogueiras”, diz a empresária.

Cecilia Prado, marca que também estará na pop-up brasileira em Estocolmo Foto: Divulgação

Enquanto a pop-up estiver aberta, o site do Walmart no Brasil também venderá as peças da loja O Sol da Meia-Noite online: “É a primeira vez que peças de roupas estarão disponíveis no nosso site. A iniciativa com o FHits vem para ajudar a consolidar o Walmart online como referência em compras online para mulheres”, afirma Claudia Woods, diretora de marketing digital do Walmart no Brasil. A parceria tem data para acabar, mas pode ser a primeira de muitas: “Já estamos conversando para continuar vendendo nossos produtos no site do Walmart”, diz Bebel Fioravanti, sócia da Triya. As exportações, atualmente, representam só 10% do faturamento da marca, que aposta em O Sol da Meia-Noite para alavancar as vendas fora do Brasil. “Por enquanto, vendemos no Japão, na Grécia e estamos conversando com Angola, mas nesse momento estamos totalmente focadas em ampliar as exportações. A pop-up vai nos trazer notoriedade e ajudar no crescimento”, completa Bebel.

O Texbrasil (Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira), realizado pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), costuma fazer investidas semelhantes. Neste momento, a multimarcas italiana Luisa Via Roma vende em sua loja física, em Firenze, e online as coleções de 20 grifes brasileiras. A ação, que começou em junho com o evento Firenze4Ever - preview para trendsetters e imprensa que a loja faz a cada coleção - e tinha como tema 'Brasil, arte e moda', se estende até o final da temporada. A loja comprou 270 mil dólares em mercadorias brasileiras para revender. O movimento é uma forma de testar a aceitação da moda brasileira na Europa e, se der certo, deve fortalecer alguns nomes nacionais no mercado de exportação.

Verão 2015 da FiT: a coleção estará à venda na Suécia em agosto Foto: Divulgação

Outro evento semelhante foi realizado no mês passado em Miami. Uma pop-up brasileira de beachwear foi montada durante a semana de moda praia, que aconteceu entre 18 e 21 de julho e reuniu 16 grifes. “Com os negócios que fizemos lá, a expectativa é que as vendas ultrapassem os três milhões de dólares no próximo ano”, afirma Lilian Kaddissi, gerente executiva do Texbrasil. Além de compradores de renome, como os da multimarcas de luxo americana Bergdof Goodman, a loja recebeu a editora chefe da Elle USA e produtores de moda da rede americana de televisão CBS. Para dar ainda mais visibilidade a moda nacional, os planos para mais investidas no modelo de negócio não param. A organização pretende abrir uma loja temporária em Dubai, em março de 2015, com mais peças made in Brazil -, Kaddissi diz que “o formato de pop-up é muito significativo para testar o mercado, gerar buzz com relação aos produtos brasileiros e alavancar as vendas a longo prazo”.

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A exposição Brésil Rive Gauche, que aconteceu no Le Bon Marché Rive Gauche em 2013, é mais uma prova de que o modelo de vendas funciona. De abril a junho do ano passado, a famosa loja parisiense vendeu mercadorias de 120 marcas brasileiras, entre moda (70% das vendas), beleza (10%), gastronomia (5%) e design (15%). Além dos produtos de top estilistas do país, que ficavam espalhados pelas gôndolas, foram montadas 5 minilojas dentro do espaço. Os expositores principais foram escolhidos pelas curadoras Helen Kupfer-Haas, Ana Luiza Pessoa de Queiroz e Amanda Rostello Monteiro, com a intenção de mostrar a forte identidade colorida e alegre do povo brasileiro. Osklen, Adriana Barra e a Lá da Venda, da chefe Heloísa Bacellar, ganharam destaque, além das marcas Granado e Phebo e Melissa, que fizeram tanto sucesso que foram mantidas no acervo permanente do Le Bon Marché, junto com Adriana Degreas. "A exposição foi um sucesso do ponto de vista comercial e de imagem. Apresentamos designers que representam o topo da moda brasileira", afirma Isabelle Picard, diretora de relações públicas do grupo. A executiva finaliza revelando um dos segredos para as marcas se saírem bem com o consumidor de fora do país: "Neste tipo de evento, os clientes são impulsionados, na maioria das vezes, por comprar peças fáceis de usar e acessíveis".

Looks da Tigresse. Para a dona da marca, a loja pop-up é uma maneira de conquistar o mercado europeu Foto: Divulgação
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