Marca rompe com agência por maltratar modelos
Balenciaga encerra contrato com 'Madia & Ramy' depois da denúncia do agente de casting James Scully

Foto tirada no desfile de verão 2016 da Balenciaga.. Foto: AFP PHOTO / PATRICK KOVARIK
A Balenciaga rompeu o contrato com a agência 'Madia & Ramy' por ter feito com que modelos esperassem três horas no escuro para o casting do desfile que a grife irá realizar domingo, 5, na Semana de Moda em Paris. A controvérsia surgiu terça-feira, 28, depois de James Scully, diretor de casting americano, acusou a agência através do Instagram de ter um comportamento ‘sádico e cruel’.
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Scully disse que 150 modelos que foram fazer um casting para o desfile da grife tiveram que esperar no escuro durante três horas em uma escadaria, quando os funcionários saíram para comer. Eles fecharam as portas e apagaram as luzes - as meninas ficaram apenas com o celular como fonte de luz.
O agente também mencionou a Hermès e a Elie Saab, que trabalham com a Madia & Ramy. A Lanvin foi acusada de não querer mulheres negras no casting.
"Fiel à minha promessa no #bofvoices que eu seria uma voz para todas as modelos, agentes ou todos que vêem as coisas erradas neste negócio, fiquei decepcionado ao vir para Paris e descobrir que os suspeitos de costume continuam fazendo os mesmos truques. Fiquei muito perturbado ao ouvir de algumas garotas nesta manhã que ontem, durante o casting da Balenciaga, a 'Madia & Ramy' (abusadores frequentes) realizou um casting em que fizeram mais de 150 garotas esperar em uma escada e disseram-lhes que elas teriam que ficar lá por mais de três horas para serem vistas - e não podiam sair. Como de costume, eles fecharam a porta, foram almoçar e desligaram as luzes das escadas, deixando cada menina enxergando apenas com as luzes de seus telefones celulares. Este episódio não foi apenas sádico, cruel e perigoso, mas também deixou mais do que algumas das meninas com quem eu falei traumatizadas. A maioria das garotas pediu para ter suas participações no casting da Balenciaga canceladas, bem como nos da Hermès e Elie Saab, porque elas se recusam a ser tratadas como animais. A Balenciaga faz parte da Kering, que é uma empresa pública. Essas casas precisam saber o que as pessoas que contratam estão fazendo em seu nome - antes que um bem merecido processo judicial venha em sua direção. Além disso eu ouvi de vários agentes, alguns dos quais são negros, que receberam a orientação de Lanvin que eles não deveriam apresentar mulheres de cor no casting da marca. E outra grande casa está tentando contratar modelos de 15 anos em Paris! É inconcebível para mim que as pessoas não tenham respeito pela decência humana ou pelas vidas e sentimentos dessas meninas, especialmente quando muitas destas modelos são menores de 18 anos e claramente não equipadas para estarem aqui, mas qualquer coisa por um direito exclusivo, não é mesmo? Se esse comportamento continuar, será uma longa e fria semana em Paris. Por favor, continuem compartilhando suas histórias comigo e eu continuarei a compartilhá-las por você. Esta parece ser a única maneira que podemos forçar a mudança e dar o poder de volta às modelos e agentes, onde ele pertence legitimamente", escreveu no post.
Suas observações foram apoiadas por figuras como Joan Smalls, Kate Young e Helena Christensen. A Balenciaga disse em um comunicado que, depois de ciente dos "problemas que ocorreram no domingo, reagiu rapidamente e rompeu as relações com a agência".
A grife faz parte do grupo Kering, que abriu em 2009 a Fundação Kering, que combate a violência contra a mulher e tem reiterado o seu compromisso "para garantir condições de trabalho respeitosas a modelos ".
Sophie Boilley, assessora de imprensa da Lanvin, disse que as alegações são completamente falsas e sem base alguma.