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Mãe e filha fazem sucesso com boutique em Paris

A boa relação entre as duas é o conceito-chave por trás da Colette

Por Tina Isaac-Goizé
Atualização:
Colette Roussaux e sua filhaSarah Andelman são as fundadoras da Colette Foto: Agnes Dherbeys/The New York Times

O setor da moda geralmente está ligado a negócios de família, mas mesmo sob essa máxima, a Colette, loja conceitual de Paris, é uma exceção. Para a grande maioria de mães e filhas, por melhor que seja o relacionamento, viver uma ao lado da outra e trabalhar juntas todo dia, há duas décadas, seria inimaginável. Já para Sarah Andelman e sua mãe, Colette Roussaux, o arranjo é a receita secreta de sucesso por trás da Colette, boutique pioneira que agora em março completa vinte anos.

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O estilista Karl Lagerfeld, da Chanel, resumiu a relação das duas: "Não existe isso de 'uma sem a outra'. É a osmose mãe-filha que faz da Colette o que ela é." Para Michel Gaubert, engenheiro de som que criou 18 CDs de coletâneas da boutique, a boutique é" a fusão perfeita de mentes. As duas têm como característica marcante a curiosidade e adoram compartilhar suas descobertas. Com elas, nada é calculado; é tudo uma questão de instinto."

Em 1997, com pouco mais que uma ideia brilhante, quatro paredes nuas e nenhum contato no mundo da moda, a dupla acabou com os limites que separam estilo, música, arte e design. Atualmente, a Colette tem 110 funcionários e um único endereço permanente, 213 rue St.-Honoré, no Primeiro Arrondissement. Em 2016, seu volume de vendas geradas foi de 28 milhões de euros, sendo que o e-commerce representou 25% desse total.

Apesar de tudo isso, a Dona Colette permanecia semianônima até agora. Ela é tímida na frente das câmeras e esta foi apenas a terceira entrevista que concedeu nos últimos vinte anos, a primeira para uma publicação não francesa. Está mais do que satisfeita em simplesmente administrar a loja e supervisionar os processos, incluindo a contabilidade e a disposição da decoração interna e das vitrines; sua filha, única compradora e representante pública do negócio, sai pelo mundo em busca do exclusivo, do belo e do raro. "Tenho sorte porque a Sarah é o meu escudo; é o ponto de contato. Eu fico na loja. É o arranjo perfeito", conta.

E a filha completa: "Fomos ingênuas porque achamos que ninguém ia perceber que havia uma Colette. Escolhemos o nome por ser pouco comum e fora de moda em contraste com o que queríamos fazer, ou seja, algo bem moderno, mas nunca tivemos a intenção de relacioná-lo conosco, pessoalmente".

Olhando mãe e filha lado a lado no Water Bar, que fica na parte de baixo da loja, a semelhança é óbvia: ambas projetam uma reserva natural, uma atitude franca e um sorriso fácil. Elas têm também o cabelo curto, as maçãs do rosto salientes, as sobrancelhas arqueadas e a compleição invejável, mesmo sem maquiagem.

Por acaso ou intenção, nesse dia as roupas das duas se baseavam nas três cores da bandeira francesa: ambas usavam saia marinho da Thom Browne e tênis All Star; mais alta e angular, Sarah, 41, usava uma blusa branca da Mira Mikati x Jack Pierson e uma jaqueta da J.W. Anderson; Colette (que prefere não revelar a idade) optou por uma camiseta branca e bandana vermelha.

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As duas garantem que nunca brigam. "Eu a mantenho informada e ela sempre tem um bom conselho se percebe que estou hesitante; do contrário, me deixa à vontade para tomar as decisões mais incomuns", revela Sarah, que é casada com o diretor de vídeo e fotógrafo norte-americano Philip Andelman, com quem tem um filho.

O interior da boutique Colette, fundada em 1997 Foto: Agnes Dherbeys/The New York Times

Quem passar pela loja bem cedinho, durante a semana, certamente verá Colette cuidando da limpeza e dando instruções aos funcionários até o início do horário de funcionamento, às onze. Aos domingos, infalivelmente, ela e o stylist Éric Chevalier tiram os manequins para dar espaço a uma repaginada completa, incorporando as seleções mais recentes, e uma nova decoração.

Além de parcerias com grandes nomes, como a pop-up Chanel x Colette, em 2011, no finado posto de gasolina na mesma rua (hoje uma loja da Balenciaga) e a criação de edições limitadas de echarpes com a Hermès e inúmeras outras grifes, a Colette foi além dos limites culturais para apoiar astros como Pharrell Williams, Jay Z, Drake e Kanye West em suas empreitadas na moda/música.

Dizem os boatos que a loja pode fechar no ano que vem, mas Sarah é enfática ao negar a informação.

De olho no futuro, a Colette apresentará a coleção "Starboy", de Weeknd, que ganhou o nome do novo álbum do músico. Além disso, já está em negociação um projeto com a dupla francesa de música eletrônica Daft Punk, para a Semana da Moda Masculina de junho, em Paris.

"Acho que o diferencial está no fato de não termos que falar com ninguém a respeito do que queremos fazer. Se decidirmos pintar as paredes de verde ou azul, conversamos rapidinho, e vamos lá e fazemos. Acho que esse é o segredo: trabalho duro e espontaneidade", conclui Colette.

E sorri para a filha, que lhe sorri de volta.

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