Em uma manhã recente, um estúdio em Long Island City, Queens, estava cheio de gente. O fotógrafo Terry Richardson, vestindo uma daquelas camisas de flanela que são sua marca registrada, parecia muito ocupado. Comida orgânica era retirada de um caminhão. Havia um painel coberto de imagens da Mulher Maravilha e várias prateleiras com roupas inspiradas na super-heroína. Gwyneth Paltrow estava lá. Assim como Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli, os estilistas da Valentino. Cerca de oito anos atrás, Gwyneth conheceu a dupla em um desfile de alta costura da grife, em Roma.
Naquela época, a atriz era conhecida principalmente por seu trabalho em “Shakespeare Apaixonado”. Chiuri e Piccioli eram desconhecidos. Dois designers trabalhando sob a égide de sua empresa, falando quando falavam com eles e que eram valorizadas por serem artesãos. Hoje, Paltrow é a empresária por trás do site Goop, um pequeno império da internet, com 40 funcionários, e crescendo. Já Chiuri e Piccioli estão no comando da Valentino e passaram a figurar na lista dos mais celebrados designers de moda da atualidade. Juntos, esses três velhos amigos criaram uma coleção de 25 peças de roupa e acessórios, inspirada na Mulher Maravilha, e já à venda na pop-up store da Goop, no Time Warner Center, em Nova York, e no próprio site.
A ideia nasceu em julho, quando Paltrow foi ao desfile de Chiuri e Piccioli em Paris. Ela estava em busca de pessoas para trabalhar num conceito de varejo e eles estavam procurando estender suas asas para além da estética discreta e romântica pela qual são conhecidos. Então, começaram a conversar pelo WhatsApp e uma linha nasceu. Há braceletes de US$ 275, tênis brancos cobertos com estrelas de ouro por US$ 1.075 e jaquetas de motoqueiro por US$ 10.500. Há também macacões larguinhos, do tipo que é impossível não ver em badalados locais de férias como os Hamptons e Palm Beach.
“É o high e o low juntos”, afirma Piccioli, talvez ignorando o pequeno detalhe do preço. Embora muitas celebridades tenham lançado grifes de moda nos últimos anos, particularmente na medida em que os salários para aparecer em filmes têm caído e a venda de discos vem se tornando cada vez mais inexistente, Gwyneth não tem ilusões de que pode se tornar a grande criadora fashion até então desconhecida do mundo. Ao contrário de Victoria Beckham, Sarah Jessica Parker, Kanye West, Justin Timberlake e Jennifer Lopez, ela não tem intenção de dar início à sua própria linha de produtos. Em vez disso, prefere combinar forças, um processo que tem funcionado bastante bem.
“Não é tão difícil”, diz a atriz. “Esses caras estão entre as mentes mais criativas do mundo da moda no momento, então quero deixá-los fazer o que eles fazem e não interromper muito.” Ainda assim, ela gostou da colaboração e está entusiasmada sobre o tema Mulher Maravilha. Trata-se de um seriado que Gwyneth adorava na infância.E vê a protagonista como um ícone oportuno nesta era assertiva, na qual o feminismo deixou de ser uma palavra indecente. “Para mim, trata-se de uma ideia fantástica e ressonante porque todo mundo está trabalhando, tendo filhos, tentando não perder um jogo de futebol, falando de negócios no telefone. A mulher moderna é a mulher maravilha", afirma.
Chiuri e Piccioli claramente viram a colaboração como uma chance de atingir os consumidores norte-americanos por meio de uma de suas celebridades mais conhecidas. “Nós queríamos passar uma mensagem positiva para as mulheres, de uma forma divertida”, diz Chiuri. “As mulheres não são uma via de mão única. A beleza é o equilíbrio de coisas diferentes.”
Tradução de Priscila Arone