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Ex-editor da 'Vogue', Giovanni Frasson vai lançar sua própria revista digital

Apostando em conteúdo multimídia, 'Frasson Gallery' terá publicação bimestral

Por Natália Guadagnucci
Atualização:
Giovanni Frasson trabalhou na revista 'Vogue' por 27 anos Foto: Cortesia Giovanni Frasson

Giovanni Frasson quer levar a experiência do impresso para o ambiente digital. Ex-editor de moda da Vogue Brasil, onde trabalhou por 27 anos, ele lança neste mês a Frasson Gallery, uma revista digital que vai reunir textos, imagens, vídeos e áudios relacionados à moda, design, arte, saúde e mais. Com lançamento marcado para a próxima sexta, 24, a plataforma terá periodicidade bimestral, mas os conteúdos entrarão aos poucos ao longo dos meses.

A edição de estreia, de número zero, contará com uma entrevista com o icônico fotógrafo britânico Nick Knight, que coleciona trabalhos para as revistas Vogue, Dazed & Confused, i-D, W Magazine, e já assinou capas de álbuns de Björk, David Bowie, Kylie Minogue e Lady Gaga – além de dirigir o clipe de Born This Way da cantora. Entre os destaques, está também um editorial à moda da década de 1980, com ilustrações em cima das fotos de desfiles da temporada. As imagens, selecionadas por Alexandra Von Bismarck, curadora artística da Frasson Gallery, ajudam a reforçar o conceito de “digital, mas clássico”, como o próprio Frasson define. 

Karen Elson para Christian Dior, em 2001 Foto: Nick Knight/Divulgação

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O projeto surgiu sem grandes pretensões. O editor queria criar um site que funcionasse como seu portfólio, reunindo seus trabalhos para publicações como Vogue Brasil, Vogue México e GQ Brasil. Ao tirar a ideia do papel, ele percebeu que poderia ir além. “Não tinha onde colocar tudo aquilo que eu gostava sobre moda e jornalismo, e decidi fazer o meu”, conta. “Sou uma pessoa do impresso, mas o digital é a realidade. Senti falta de uma plataforma com estilo old school, profunda, com textos de jornalistas bacanas, antenados, alguns medalhões do jornalismo”.

Em 2016, Giovanni Frasson lançou Dez Mil Novecentos e Cinquenta Dias de Moda, livro que documenta as imagens mais importantes de sua carreira, desde a década de 1980 até 2015. Com a revista digital, o editor também quer registrar parte da moda – não só brasileira, mas mundial. “Acho importante passar uma história. Quis deixar o meu conhecimento sobre a moda como legado nessa revista, cheia de imagem e assuntos profundos”, explica.

Frasson quer também resgatar o modus operandi do jornalismo de moda das décadas passadas – incluindo a ideia de que a moda deve, sim, ter regras. “Hoje eu percebo que o jornalismo de moda está cada vez menos opinativo. A geração de hoje fez com que existisse esse pensamento de que não tem regra, mas tem regra, sim. Tem cor que funciona melhor em determinada pessoa, tecido que cai bem em determinado corpo. Minha ideia é mostrar uma revista que tenha opinião diversas”, define ele.

A modelo Lindsey Wixson veste Comme des Garçons em clique de2012 Foto: Nick Knight/Divulgação

Agora, o editor quer trazer a bagagem do impresso para o online. “A imagem tem que estar formatada e o texto escrito de uma maneira interativa, mas com pensamentos e desenhos clássicos. Um conteúdo rápido, mas com fundamento lá de trás”. A edição zero será aberta a todos os visitantes; depois, o conteúdo passa a ser por assinatura. “Daqui a algum tempo, pretendo dar a opção para o leitor de ter o conteúdo apenas digital ou também impresso, em versão customizada”, conta.

Sobre o futuro – pouco otimista – das publicações de moda no Brasil, Frasson fala sobre a necessidade de adaptação do formato. “No resto do mundo, as revistas continuam lá, em número menor e com novos tipos de anúncios, mas existem. Assim como aconteceu com o LP e a câmera Polaroid, acredito que as pessoas vão querer voltar a ter revista de moda. É preciso pensar em uma maneira sustentável de isso existir”, conclui.

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