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Entrevista: Natalie Klein

Nosso colunista Jorge Grimberg conversa com a empresária, dona da multimarca de luxo NK Store, sobre moda, Brasil e superação

Por Jorge Grimberg
Atualização:
Natalie Klein: "As pessoas não pararam de comprar. Elas estão muito mais seletivas” Foto: Divulgação

Em ano de recessão, Natalie Klein não recua. A empresária e proprietária da loja NK Store, que completa 18 anos em 2015, foi uma das pioneiras no conceito de multimarcas internacionais no Brasil e conseguiu manter o seu negócio relevantemesmo após o declínio da sua antiga concorrente, a Daslu, e da invasão de grifes internacionais que aterrizam no Brasil desde 2010. 

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Na entrevista abaixo, Natalie conta o que precisou mudar em seu negócio para superar a crise e por que vê o momento com otimismo. 

No mundo da moda, o assunto principal é a recessão. Como isso está refletindo no seu negócio? 

O nosso lançamento preview de verão (em agosto) foi uma surpresa enorme. O mercado vem de um discurso pessimista então a gente fez um workshop muito bacana para definir como vamos nos posicionar nesse ano. Nós decidimos optar pela excelência nos produtos. Com isso, tivemos um resultado totalmente fora da média com uma superação de 30% dos outros anos em cima da nossa expectativa comercial. Isso foi uma injeção de ânimo muito boa.

Campanha NK Store verão 2016 Foto: Divulgação

Como você fez para manter a qualidade em um momento em que a matéria prima e o produto importado estão muito mais caros? 

Enquanto a qualidade de outras marcas cai, eu percebo que a qualidade do produto NK é o mais importante. A matéria prima importada está mais cara e, com isso, as marcas de varejo deixaram de comprar produtos de primeira linha e passaram a comprar opções mais baratas. Assim, as empresas conseguem vender o produto final no mesmo preço e ter uma margem de lucro que justifique o negócio. Aqui não, nós continuamos com o melhor produto que existe, usando os mesmos fornecedores que marcas como Chanel para nossa coleção. Encaramos a oscilação cambial, mas conseguimos nos descolar da concorrência através do investimento na matéria prima. O reflexo disso foi incrível porque a gente teve o lançamento que foi um sucesso absoluto. Batemos todos os nossos recordes de mês, semana e dia de lançamento.

Você acha que as pessoas estão comprando menos? 

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As pessoas não pararam de comprar, elas estão muito mais seletivas. Em vez de comprar roupas em três ou quatro lugares, as pessoas estão escolhendo um só. Muitas clientes continuaram comprando na NK e muitos clientes voltaram a comprar aqui pois não viajaram esse ano. Reduzimos um pouco da nossa margem, ajustamos um pouco o preço, mas mantivemos o produto diferenciado. 

Você acha que as pessoas no mercado de luxo estão comprando mais no Brasil com a alta do dólar?

Para os importados, tivemos um comportamento incrível. Sim, acho que o dólar alto influencia muito, pois as pessoas viajam muito menos e tendem a comprar cada vez mais aqui. A diferença de preços já não é tão gritante. Principalmente se você compra em euro, a diferença fica em torno de 20 a 30% e, se você faz parcelamento no cartão, a compra já compensa. Então, tivemos um crescimento enorme tanto na coleção nacional quanto nos importados. 

Mudando de assunto, qual foi a sua inspiração de moda para construir a sua coleção de verão 2015/16? 

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A coleção foi inspirada no filme Easy Rider. Saímos muito da caixa do que fazíamos antigamente. Usamos tons terrosos e chamois mais pesado. Essa coleção é icônica. Ela vira a página de tudo que a gente fez até agora. Ela é mais madura, mais forte, tem mais personalidade. Olhamos muito para o nosso universo, para nossa própria referência de moda. Existem milhões de referências por todos os lados e nós temos um olhar cirúrgico de todas as tendências globais para contar a nossa história, no caso a nova versão do Easy Rider. 

A sua marca tem 18 anos. A sua cliente tem uma personalidade já bem definida? 

É tão difícil generalizar nossa cliente, mas nós temos mulheres icônicas que definem o nosso estilo. Ela é uma mulher sem idade, que trabalha, que tem um estilo de vida com viagens e que aceita nossas sugestões, nós não impomos nada. Um armário conta história. Por isso, nós estimulamos o uso das peças antigas e a mistura com as novas. Não vendemos roupa para uma temporada. 

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E nessa temporada? Qual é a peça-chave ou principal tendência que você indica que vale a pena comprar como investimento?

Temos algumas peças que são muito fortes. A saia wrap de chamois ou calça curta de chamois são peças importantes. Temos (na coleção) uma estampa de estrelas, meio mística. Começamos essa busca interna por reflexão e a moda consegue muito falar essa linguagem. Fizemos um brainstorming sobre o que realmente importa na vida: astrologia, numerologia. Esse caldo deu uma coleção muito autoral e muito bacana. Esse espírito de descoberta e crenças está presente na coleção. 

Qual é o segredo para sobreviver em meio às lojas próprias de grifes internacionais que invadiram a cidade? 

Nós enxergamos muito as oportunidades na fragilidade do momento. Nós nos estruturamos, nos organizamos, otimizamos. Fazemos toda a lição de casa de acordo com a realidade do país, com otimização de custos e pessoal. A NK é uma máquina que vai sendo ajustada de acordo com a situação e nosso resultado tem sido surpreendente. Meu time está supermotivado e nós vemos o resultado na frente do caixa. 

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