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Em NY, manicures transformam unhas em verdadeiras obras de arte

Com ares de alta costura elas ganham aplique 3D, strass, pós dourados e sobreposições de tintas diversas

Por Rebecca Pietri
Atualização:
Outra criação de Jenny Bui, aqui nas mãos de Amina Carter, que frequenta a manicure desde os 10 anos de idade. "Prefiro ter um dia de cabelo ruim do que uma unha quebrada ou mal feita", afirmaLeia mais sobre as unhas artísticas aqui Foto: Jeffrey Henson Scales/The New York Times

A designer de unhas Yayo está concentrada nas mãos de uma das três a cinco clientes que atende diariamente no ateliê Vanity Projetcs, em Manhattan. Com uma tesourinha, cortou pedacinhos de papel-alumínio e os colocou sobre cada unha, criando uma base para o esmalte. Então, com o menor dos pincéis, aplicou esmalte branco. O toque final foi espalhar um fino pó dourado sobre a base clara e dar polimento.

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A própria artista exibe longas unhas de 20 cm cobertas de strass e apliques em 3D. Yayo as chama de unhas bling-bling, aludindo ao tilintar de moedas. Pense num Edward Mãos de Tesoura que tenha, em vez de simples lâminas de aço, lâminas incrustadas de diamantes. Enquanto Yayo trabalha, o único som que se ouve é o tinir de suas unhas.

As unhas, sejam de corte simples ou muito incrementadas, podem dizer muito sobre o estilo da pessoa. Atualmente, restrições profissionais ou de ordem prática não são obstáculo para a pessoa se expressar e a indústria da estética está transformando unhas em verdadeiras obras de arte.

Jenny Bui é adepta da pintura multidimensional. “Unhas mal trabalhadas saem barato, mas não são legais. Unhas bem trabalhadas não custam pouco”, diz a especialista, responsável pelas unhas de acrílico da rapper Cardi B. Bui atende em  seu salão, o Jenny’ Spa, na Fordham Road, onde criou suas famosas unhas stiletto, cravejadas de cristais Swarovski. 

Amina é cliente há dois anos e visita o Jenny’ Spa duas ou três vezes por mês. As vistosas unhas de acrílico que Bui criou para ela são impactantes, com cristais gigantes que levam mais de quatro horas para serem colados.

O Vanity Projects, onde Yayo trabalha, é um “ateliê” de unhas conhecido pelo trabalho personalizado. A dona, Rita Pinto, é uma curadora de arte que dá cursos  para designers de unha de todo o mundo.

Jules Kim, designer de joias e cliente de Yayo, diz que o estilo de suas mãos está ligado a seu trabalho. “Gosto de combinar simplicidade e ingenuidade em minhas joias”, afirma. Julesdestaca a importância de as unhas não destoarem das joias que esteja apresentando a um cliente.

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No salão vizinho, Akiko Nails, Christina F. Richardson observa Tahsiyn Harley criar para suas unhas um desenho baseado na experiência japonesa na arte de unhas. Inspirando-se no movimento Time’s Up contra o assédio sexual, na história afro-americana e na santería, Harley desenha rostos de mulheres em algumas das unhas e pinta as outras de amarelo, cor da orixá Oxum.

Na maioria dos casos, o desenho das unhas vem da combinação das sugestões do cliente e do gosto do artista. Naomi Yasuda, cuja clientela inclui Madonna, Lady Gaga e Kesha, pede que os clientes já venham com ideias do que desejam, às quais ela então dá vida. Suzanne E. Shapiro, autora de Nails: The Story of the Modern Manicure (unhas: a história da manicure moderna, em tradução livre), diz que o hip-hop e a moda urbana, ao lado da tecnologia japonesa para manicure, contribuíram para a estética da arte de unhas contemporânea. “Os smartphones também tiveram uma enorme influência, pois permitem capturar instanteneamente detalhes da arte de unhas e divulgá-los para o mundo”, avaliou Shapiro.

Nos anos 1970, unhas artísticas eram uma novidade proporcionada por um número limitado de salões de beleza. Asmulheres negras estão entre as primeiras a adotá-las, optando por estilos ousados em tamanho e design. A atleta olímpica Florence Griffith Joyner, conhecida como Flo Jo, e as cantoras Glodean White e Minnie Riperton eram famosas pelas unhas longas e enfeitadas. Riperton chegava a levar em seus tours um artista de unhas exclusivo.

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Muitas das inovações tecnológicas e estilísticas vieram do Japão. O gel para unhas, introduzido nos Estados Unidos nos anos 1980, seca muito mais rápido e dura muito mais que o esmalte comum. Essa tecnologia permitiu a artistas criarem desenhos mais elaborados, com estêncil, elementos em 3D e outros recursos.

A complexa arte de unhas encontrou abrigo natural na mídia social, com artistas e clientes postando no Instagram e ajudando a formar uma diversificada comunidade global que vai muito além das ruas de Nova York. Hoje, pode-se encontrar desenhos, descobrir tendências e acompanhar artistas de unhas de todo o mundo: basta um toque de um dedo manicurado. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ / PRODUÇÃO EVE LYONS

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