Desconstruindo Jennifer

Como a atriz está se empenhando para deixar Rachel para trás e virar o jogo em Hollywood

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Por Jorge Grimberg
Atualização:
Jennifer Aniston em cena de Cake: sem maquiagem e com quilos a mais Foto: Divulgação

Após muita especulação, Jennifer Aniston não está concorrendo ao Oscar 2015 por sua performance no longa Cake. O filme, com estreia no Brasil anunciada somente para o próximo dia 19 de março, revelou o lado mais dark da atriz, com uma personagem coberta de cicatrizes expostas, viciada em remédios, com depressão e fortes dores crônicas no corpo, causadas por um acidente. 

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Quase sem maquiagem e com alguns quilos a mais, Jennifer mostra uma nova face, em um esforço visível para fugir da eterna imagem da personagem Rachel, do seriado Friends. Essa é uma tarefa difícil. Friends durou dez anos e foi líder de audiência nos EUA. O programa tornou-se um dos maiores fenômenos da TV mundial, se não o maior. Interpretar semanalmente o mesmo personagem durante uma década torna complicada para qualquer artista a missão de virar o jogo e se reinventar artisticamente. 

“Você tem que fazer algo muito dark se quiser ser levada a sério”, disse a atriz em uma recente coletiva de imprensa em Toronto. E o que Jennifer fez? Um filme pesado e profundo para entrar na corrida do Oscar. A atriz compareceu a uma série de eventos em festivais de cinema pelo mundo, com entrevistas com o público e a imprensa, além de se empenhar em todo o lobby estratégico para entrar na disputada lista dos concorrentes. Jennifer emplacou indicações para o Globo de Ouro, o SAG Awards e o Critics’ Choice Awards, mas não conseguiu um lugar entre as candidatas a melhor atriz do Oscar. 

No Globo de Ouro, que ocorreu no último domingo (11), Jennifer também não levou a melhor. Desde o tapete vermelho, quando Jennifer apareceu com um vestido Saint Laurent preto, levemente errado, já dava para ver sua animação e ansiedade. Mas quem levou o prêmio para a casa foi Julianne Moore. Eu, honestamente, fiquei chateado. Nada contra Julianne Moore, mas eu estava torcendo por Rachel… Quer dizer, Jennifer. Acho que o motivo pelo qual pessoas do mundo inteiro têm uma conexão emocional com a atriz é porque ela é muito humana. Brad Pitt foi um sonho distante, assim como um Oscar ainda é. 

O sucesso, seguido da traição do marido com Angelina Jolie, seguido de uma volta por cima - que nunca realmente aconteceu - a mantém no posto de queridinha do público por tantos anos. Mesmo milionária e noiva, o fato de ela ser solteira e de não ter filhos intensifica ainda mais esse sentimento. Pessoas comuns gostam e torcem por ela. Ainda mais quando a comparam com Angelina, que de tão perfeita parece não ser desse planeta. Angelina ganhou um Oscar aos 24 anos por sua atuação em Garota Interrompida, muito antes de se relacionar com Pitt. 

Jennifer é bonita, mas não é perfeita. Ela é bem vestida, mas não é um ícone de estilo. Ela troca de namorados constantemente e é vítima de boatos maldosos há duas décadas. É mais fácil se identificar com Jennifer do que com Angelina. Escrevo esta coluna um dia depois de assistir ao filme Cake. Bem deprê, o longa não vale o Oscar, mas marca um início do caminho da atriz para desenhar a sonhada imagem repaginada. Eu estou torcendo para que dê certo. Será que uma hora ela vira o jogo?

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