São Paulo está criando uma tradição de carnaval. Os preços altos para deixar a cidade e o momento de economia instável consolidaram 2016 como o ano em que muitos paulistanos tornaram-se foliões no próprio quintal. Um dos precursores do novo embalo é o fotógrafo baiano Thiago Borba, um dos fundadores do bloco Tarado ni Você, que homenageia Caetano Veloso e reuniu mais de 20 mil pessoas no centro da cidade no sábado de folia, dia 6 de fevereiro. Insider do mundo da moda, Thiago vive em São Paulo há quase uma década e é figura fácil nos backstages da SPFW,em que captura imagens de street style para grandes publicações nacionais e internacionais.
Ele criou o bloco em 2011, junto com os amigos Rodrigo Guima e Raphaela Barcalla. Desde então, o Tarado ni Você tornou-se um dos blocos preferidos de figuras conhecidas na noite paulistana e do universo da moda. Em um bate-papo com o Estado, Thiago fala sobre a história do bloco e a ocupação das ruas paulistanas.
Você esperava que um bloco de carnaval atraísse tantas pessoas da indústria criativa? No primeiro ensaio aberto, nossos amigos e outras pessoas não tão próximas abraçaram a idéia e se tornaram público cativo. Eles deram uma cara para o Tarado. O paulistano criou uma atmosfera esteticamente rica e antagônica em comparação com o comportamento da cidade nos anos 90. Agora, aqui, o carão não tem vez! As pessoas estão lindas e de bem com a vida, alegres e cantantes. Esses dias, recebemos o nosso repertório emoldurado, presente de uma das principais relações-públicas da moda nacional atualmente. Isso é muito legal, não pela posição dela, mas pelo que o Tarado é capaz de marcar na vida das pessoas.
Qual é a frequência dos eventos do Tarado ni Você? Até o ano passado, nos apresentávamos somente nas nossas próprias festas, durante o verão. Recentemente, começamos a receber convites de marcas para criar bailes fora de época. Fizemos uma apresentação dentro da flagship da marca de óculos Chilli Beans, por exemplo. Estamos abertos a convites, mas, oficialmente, sempre no sábado de carnaval, estaremos desfilando no Centro de São Paulo para toda a cidade.
Como é o estilo dos foliões do bloco? Difícil definir um estilo, até porque acho um pouco limitador se assim o fizer. O que posso dizer é que se trata de um publico criativo de homens e mulheres - gays e héteros -, que fogem do padrão da "fantasia completa" e vêem no Tarado uma chance de fazer 'aquele' look para tudo no Carnaval!
Vocês só tocam música de Caetano Veloso? Temos uma banda composta por 13 músicos, puxada pelo cantor paulistano Zé Ed, que só toca Caetano Veloso. Um repertório que varia de acordo com o tema escolhido. Este ano, o tema foi #SomosTodosTieta devido à música A Luz de Tieta...
Qual a maior tendência que você viu emergir no bloco? A tendência que vimos emergir em São Paulo com o Tarado foi de comportamento. As pessoas passaram a se abrir mais e desejar estar na rua, em contato com conhecidos ou não, viver a cidade com potência, com música e alegria. Isso é uma grande tendência na cidade e esperamos que ela não saia de moda nunca.