A Nova York do consumo consciente  

Jorge Grimberg dá dicas para planejar mais, comprar menos e aproveitar o lifestyle da cidade em tempos de alta do dólar

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Por Jorge Grimberg
Atualização:
Nova York Foto: Jorge Grimberg

Nova York - “Quem converte, não se diverte”. A frase de autor desconhecido é a primeira premissa para visitar Nova York, no momento em que a desvalorização do real reduziu drasticamente o poder de compra do brasileiro. Com isso em mente, bem vindo à Nova York, a cidade em que seu dinheiro vale metade do que valia em 2014 e os preços aparentemente subiram. Em dólar. 

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Esqueça as compras exageradas nos outlets (afinal, quantas blusas nós precisamos mesmo?), e provoque-se para vivenciar novas experiências, absorver a cultura e experimentar um estilo diferente de viajar para a cidade. Ainda assim, para os aficionados por moda, há marcas e endereços para prestar atenção. 

O grupo H&M inaugurou recentemente filiais de duas de suas marcas mais sofisticadas, a COS e a & Other Stories, com bons produtos e preços convidativos. Aloja de descontos Century 21, que há algum tempo tem um endereço em Uptown ao lado do Lincoln Center, além da localização mais famosa, na frente do World Trade Center, oferece peças de estilistas famosos (da coleção passada, não vintage) com descontos que chegam até 90%. Há itens que valem a pena. Na oferta da loja de Uptown, muitas peças da passarela de outono inverno 2015 de marcas como Moschino e Calvin Klein estavam disponíveis no início deste mês. 

Novas lojas do grupo H&M na 5ªAvenida Foto: Jorge Grimberg

Quando se trata de grifes de luxo, como Chanel e Prada, hoje é mais vantagem comprar nos shoppings brasileiros. Além das (muitas) parcelas, o valor está praticamente igual, com uma variação de 10 a 25%, às vezes para mais e às vezes até para menos. Uma dica importante é que muitas lojas de luxo da 5ª Avenida e da Madison têm promoções não declaradas fora de época. Perguntar ao vendedor se a loja apresenta artigos com valores reduzidos é inteligente - e não vergonhoso. Mostra que você é um consumidor antenado e atento.

Agora, além da moda, dedicar tempo à arte e às novidades culturais da cidade vale a pena e pode sair até de graça. As galerias do Chelsea, pouco frequentadas por brasileiros, são gratuitas e apresentam trabalhos de alguns dos melhores artistas da atualidade e do século XX, como Jeff Koons e Robert Rauschenberg, que, junto com Andy Warhol, foi percursor do movimento pop art. Gratuitas e abertas ao público, elas ficam entre as ruas 21 e 27 e as avenidas 10 e 11. O novo museu Whitney e o MOMA também são paradas obrigatórias para quem quer voltar para casa inspirado e atualizado. 

Pace Gallery Foto: Jorge Grimberg

Analisando o comportamento do nova-iorquino, a cidade evoluiu bastante. O dia está se tornando mais relevante do que a noite e a alimentação saudável mais relevante que o fast food. Na moda, o atletismo se confunde com o urbano e o tênis definitivamente entra no guarda-roupas do dia-a-dia. 

Isso não é apenas moda ou construção de look. Isso é estilo de vida. Novos clubes esportivos se tornam programas de jovens grupos e casais, como, por exemplo, o Barry’s Boot Camp, que oferece uma espécie de treinamento de guerra com pesos, esteiras e muita suadeira, com classes lotadas em três endereços da cidade, todos em Downtown.

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Nova York realmente abraçou o lifestyle orgânico e o termo from the farm to the table (da fazenda para a mesa) tornou-se muito comum. A rede de restaurantes Dig Inn é uma boa surpresa, com aproximadamente dez estabelecimentos na cidade. Trata-se de uma espécie de fast food orgânico. Rápido, barato e fresco. O cardápio muda nos diferentes endereços de acordo com os fornecedores locais. 

A rede de supermercados Whole Foods, especializada em produtos orgânicos, abriu uma unidade focada em saúde e estética. Fica na esquina da rua 27 com a 7ª Avenida e tem uma farmácia com extensa oferta de vitaminas, medicamentos e produtos de beleza orgânicos, com bons preços. Em muitos bares, os garçons explicam até a origem do gim e da vodca que oferecem - normalmente eles são artesanais e feitos no Brooklyn.

Nova York está cheia de novidades acessíveis. A sensação que tive é que, independente da crise brasileira, a alta do dólar me provocou para viajar de maneira diferente. Eu planejei melhor, comprei menos, e não me senti vítima da nossa precária situação econômica. Talvez foi o novo lifestyle dos nova-iorquinos, agora mais conscientes e rápidos, que me inspirou a mudar também.

Nem Carrie Bradshow, com seus drinks, saltos altos e vestidos justos, reconheceria a cidade que ela tão bem descreveu no final do século XX. Saem os Manolos, entram os Nikes. Saem os Cosmopolitans, entram os sucos verdes. 

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