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A difícil tarefa de conciliar viagens com animais de estimação

Pesquisa realizada com 5 mil tutores de animais mostra que apenas 17% sempre leva seus pets nas viagens

Por Zé Enrico Teixeira
Atualização:
Dois terços das pessoas preferem deixar seus cachorros em lares de verdade enquanto viajam Foto: Lucas Biffi/Divulgação

Pesquisa divulgada recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que 44,3% dos domicílios brasileiros tem um ou mais cachorros, superando o número de residências com crianças (36 em cada cem casos). Mas conciliar esse novo "integrante" com os hábitos da família não é fácil. Uma característica do tutor brasileiro é de ser viajador e, muitas vezes, levar o bicho de estimação nas viagens torna-se uma tarefa complicada, seja pelo temperamento do animal ou pela dificuldade em encontrar locais que aceitem hospedar pets.     Uma pesquisa realizada pelo site de hospedagem canina DogHero com cerca de cinco mil brasileiros constatou que 39% deles não leva seus cãezinhos nas viagens (36% afirmou levar sempre que possível e 7% leva os bichinhos apenas de vez em quando. Apenas 17% dos entrevistados afirmou sempre viajar com o seu pet). O percentual de entrevistados que afirmou já ter deixado de viajar por não ter com quem deixar seu cachorro foi de 39%. Devido a esse fator, as viagens realizadas pelos donos de cães costumam ser curtas e uma tanto esparsas. Cinquenta e cinco por cento dos entrevistados disse fazer de uma a duas viagens por ano, e metade dos que responderam fizeram viagens de até três dias. Nesses casos, a solução encontrada foi deixar seus cachorros com amigos ou familiares - nove em cada dez entrevistados optaram por esse caminho.    Mas, nem sempre é possível contar com disponibilidade de amigos e parentes para hospedar o pet. Essa dificuldade em contar com a boa vontade alheia foi relatada por 46% das pessoas entrevistadas. Nessas ocasiões, muitos apelam para hotéis caninos ou petsitters (babás de animais), o que acaba por encarecer o custo total da viagem. Além do preço, outro fator que pesa na hora de escolher esse tipo de serviço é a confiabilidade: quase metade dos pesquisados diz reconsiderar a viagem se não achar um local confiável para deixar seu cachorro.    O número de estabelecimentos que aceitam hospedar bichos de estimação ainda é pequeno. Por isso, apenas um em cada dez entrevistados disseram que só viajamse tiverem a opção de se hospedar em lugares dog frindley (locais que aceitem animais e tenham estrutura para recebê-los). Por outro lado, 66% acredita que a melhor opção é deixar seus bichinhos em lares de verdade durante o período da viagem. A pesquisa aponta que17% dos tutores ouvidos nunca cogitaram deixar seus pets em hotéis, embora 11% acredite que seus cães são bem tratados nesses lugares.     De olho nesse potencial, começam a surgir iniciativas de hospedagem canina domiciliar, como o serviço oferecido pelo DogHero . "Não queremos que o cachorro seja o ‘poodle preto’, e sim o Thor, a Lili", diz Eduardo Baer, um dos sócios-fundadores da empresa. "Ele (o animal) manterá sua rotina normalmente e será acompanhado por uma pessoa que, assim como seu tutor, também ama animais. É um cuidado especial e individual", conclui Eduardo. 

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Quebra de rotina. Outros números interessantes da pesquisa dizem que 46% dos entrevistados possuem mais de um cachorro em casa. Além disso, a pesquisa também mostrou que 42% das pessoas que possuem um cachorro em casa tem entre 25 e 35 anos, seguidos por pessoas de 36 a 45 anos, com 22%. "Observa-se uma maior concentração de animais em dois segmentos: jovens adultos sem filhos e depois em adultos cujos filhos 'saíram de casa'", explica Eduardo. "Para ambos os públicos, o cachorro acaba exercendo um importante papel de complementação do 'ninho familiar'".

Apesar dessa conexão familiar essencial, temos o caso de pessoas que humanizam demais seus pets. E isso também não é bom. "É preciso estabelecer um relação equilibrada e saudável entre cachorro e tutor", diz Eduardo. No vácuo afetivo que muitas vezes é criado quando filhos deixam as casas dos pais, muitos são aqueles que buscam suprir esse espaço com um cão. "Depositar no animal as expectativas de carência/afeto é perigoso demais, sendo o animal o maior prejudicado nessa história", continua o fundador do DogHero. É necessário que se desenvolva um relacionamento sadio de muito amor, cumplicidade parceria e lealdade entre cão e tutor, mas principalmente de independência entre ambas as partes. 

Adotar um cachorrinho é uma mudança para todos os dias, por isso alguns cuidados devem ser tomados e a decisão de se adotar um animal deve ser muito pensada. Questões como o tempo que a pessoa passa em casa, quem pode cuidar do animal durante sua ausência, se o espaço onde você mora é suficiente para comportar um pet, além dos gastos e da responsabilidade em se adotar um animal e todas as mudanças na sua rotina que isso acarretará. "Tratar o cão como objeto de decoração ou passatempo não é saudável", afirma Eduardo. "Mesmo gostando muito de cachorro, a pessoa que raramente fica em casa precisa reavaliar a decisão de ter um bichinho", salienta .

Ter um cachorro, ou qualquer outro animal em casa, é uma quebra de rotina e uma questão de responsabilidade, e não brincadeira. Por isso sempre reflita muito bem antes de tomar uma decisão como essa, pelo seu bem e, principalmente, pelo bem do seu pet.

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