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Voos podem piorar doença

Evolução ruim de pneumonia é rara, dizem médicos

Por Fabiane Leite
Atualização:

Pessoas com quadros respiratórios graves devem evitar voar, pois as condições de temperatura, umidade do ar e pressão na cabine de um avião favorecem o agravamento do problema, destaca a Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. "A recomendação é que um médico analise caso a caso. Uma viagem curta pode não ter problema, mas uma extensa sim. Se o quadro não está bom, é melhor esperar uma semana", afirma o presidente da entidade, José Eduardo Delfim Cançado. Anteontem, a brasileira Jacqueline Ruas, de 15 anos, morreu durante um voo da Copa Airlines em decorrência de broncopneumonia. As causas do agravamento ainda não estão esclarecidas, assim como a evolução do quadro da jovem e o atendimento prestado em serviços de saúde. O especialista explica que, apesar de pressurizada, a cabine do avião não tem pressão igual a do solo - é maior -, o que torna o oxigênio mais rarefeito e favorece a expansão dos gases e de eventuais edemas (acúmulo excessivo de líquido em espaços existentes nos tecidos do organismo). "A 10 mil metros de altitude, as condições equivalem a de 2,5 mil metros aqui na Terra", afirma.Além disso, a temperatura baixa do ar na cabine leva a uma contração dos vasos que pode dificultar ainda mais a oferta de oxigênio, explica o presidente da sociedade. Por fim, a umidade dentro do avião, que gira em torno de 15%, muito baixa, é considerada extremamente prejudicial para quem tem uma doença respiratória, diz Cançado. A presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Jussara Fiterman, explica que pacientes com bronquite crônica, fibrose, entre outras doenças pulmonares, devem receber oxigênio durante o voo. Ela acredita, no entanto, que a jovem já estava com sinais de gravidade antes de embarcar. "Tenho certeza de que não foi no voo que o quadro agravou, ou ela não foi avaliada no aeroporto", opinou. Jussara destacou que casos de pneumonia não costumam se agravar repentinamente, há sinais anteriores, como aumento da falta de ar e dor ao respirar. Ela lembra que a população não deve ficar alardeada, achando que um paciente com o diagnóstico vai morrer repentinamente. "Não é assim, há uma evolução", completa. Segundo Cançado, a boa evolução das pneumonias depende de diagnóstico precoce e tratamento adequado. "Cerca de 80% dos casos podem ser tratados em casa." Ele enfatiza, no entanto, que problemas imunológicos e algumas bactérias muito agressivas podem levar a complicações rapidamente e exigem uma resposta rápida, com tratamento.

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