Viciadas em liquidação

Elas estão sempre na moda, e sabem como escolher ótimas peças, mas gastando menos do que a maioria

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Por Cristiana Vieira
Atualização:

Na virada da estação, as lojas botam suas prateleiras abaixo. E os preços seguem o mesmo rastro. Muita gente acha que liquidação é sinônimo de peças encalhadas, fora de moda, de cores esquisitas e tamanhos distantes do seu. Mas, para quem sabe garimpar, a realidade é outra.

 

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Michelle Kimura, de 25 anos, sempre gostou de moda: acompanha desfiles e cria seu próprio estilo. É daquelas que, quando vai a uma loja, se esquece da vida e gasta seu tempo procurando peças baratas. "Sempre fugi da ideia de que só se veste bem quem paga caro." Seu truque é compor o visual mesclando modelos baratinhos com peças que carregam etiquetas respeitadas. "As lojas de departamento têm coisas ruins, assim como as lojas caras. É questão de olhar e encontrar o que há de bacana", ensina.

 

Quando chega a uma loja, segue direto para a ala de liquidação. Ali, dá preferência às peças "curingas", aquelas mais básicas, que não saem de moda. Para quem quer seguir sua fórmula, as dicas parecem simples: ter tempo, paciência, olhar tudo com calma e pensar se realmente está adquirindo uma peça que vai usar. Nada daquele truque de comprar roupa com o número maior ou menor para entrar nela depois de ganhar ou perder peso. Outro conselho é fugir de modelos extravagantes ou com estampas que acabam saindo de moda. "Sempre encontro a cor e o tamanho que quero durante as promoções", fala a expert.

 

E como se não bastasse ser compradora, Michelle também é uma vítima feliz de liquidações. Seu aniversário é no mês de fevereiro, época em que as lojas estão trocando as peças para esperar a nova estação. "Só ganho roupa de liquidação", brinca.

 

Com tanta experiência e truques, não dá para imaginar que Michelle seja dona de um guarda roupa enxuto. "Tenho um armário bem grande e também uma arara para completar." Ela calcula que gaste cerca de 70% do seu salário só para se vestir. "Ainda moro com meu pai, então dá para fazer algumas extravagâncias", brinca. Mas ela garante que, uma vez por semana, organiza tudo e sempre dispensa alguma peça, que vai parar na gaveta da irmã ou da prima. "Fico muito feliz quando repasso uma peça e a pessoa realmente usa."

 

 

Erika Balbino - Investe na amizade com os vendedores

 

HABITUÉS

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Há dez anos, a relações públicas Erika Alexandra Balbino começou a dar mais atenção a palavras mágicas como liquidação, bazar, ponta de estoque e brechó. Hoje, é louca por bazares de boas marcas. Começou assim: gostava da marca, fazia contato, se cadastrava para receber notícias e pedia para ligarem quando a loja entrasse em liquidação. Assim, foi criando um relacionamento com os vendedores, a ponto de conhecê-los pelo nome. "Dão risada quando peço para me ligarem, mas telefonam." E quando não avisam, ela liga para perguntar. Muitas vezes, chegou a comprar peças fora da promoção só para criar um vínculo. "Mas hoje é só liquidação", enfatiza. E quando quer alguma roupa diferente que não encontra nas lojas, vai para um brechó.

 

Em seu gigantesco armário, praticamente só entram peças que traz direto das gôndolas que ficam escondidas em algum cantinho da loja. E quando Erika pisa em algum estabelecimento para fazer suas comprinhas, é direta. Pergunta logo se tem promoção. "Nem eu perco tempo, nem o vendedor. Eu o deixo à vontade para atender outro cliente. Mas ele sabe que eu também compro."

 

Para ajudar, Érika mora em um bairro cercado por quatro boas lojas de ponta de estoque. Como se não bastasse conhecer as lojas chave da redondeza, ela tem os endereços estratégicos de outros estados. "Quando estou em Belo Horizonte, vou direto à loja do Ronaldo Fraga e da Elisa Atheniense. No Rio, não perco a oportunidade de pisar na Salinas e na Farm", diz.

 

A experiência fez com que aprendesse a segurar a empolgação. Antigamente, comprava uma peça barata e, quando chegava em casa, percebia que já tinha algo igual ou parecido. Mas agora pensa bem antes de tirar o dinheiro do bolso. E ainda montou o Escambo Bazar, um encontro, que já é realizado há quatro anos, entre amigas que juntam suas peças para trocarem entre si. "Na verdade, o encontro é uma boa desculpa para a mulherada tomar vinho e falar mal dos homens", brinca Erika.

 

Para quem não tem muito tempo, a solução é aproveitar os preços baixos navegando na internet. A estilista Priscila Whitaker entra todos os dias na rede, pois é lá que encontra as liquidações o ano inteiro. "Procuro direto pela loja que sei que está em liquidação", diz a fã do site brandsclub.com.br. Como trabalha com moda, sabe exatamente quanto custa uma roupa e quando o preço realmente vale a pena.

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