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Vereadores investigam reitor em Santo André

Centro universitário ligado à prefeitura vive crise há 12 dias, após invasão de reitoria

Por Ricardo Westin
Atualização:

Os vereadores de Santo André, na região do ABC, decidirão hoje, por voto, se pedirão ao Conselho Diretor do Centro Universitário Fundação Santo André que afaste temporariamente o reitor Odair Bermelho do cargo. A instituição é municipal. Esse será o mais novo capítulo da crise que explodiu 12 dias atrás, quando um grupo de alunos invadiu a reitoria e foi logo em seguida expulso pela Polícia Militar. Segundo os estudantes, os policiais agiram com violência. O comandante da operação foi afastado de suas funções para que seja investigado eventual abuso da PM. No dia seguinte, parte dos alunos montou acampamento numa quadra esportiva do centro universitário e está lá até hoje. A rebelião foi provocada por comentários de que as mensalidades sofreriam aumento de 126%. O centro universitário diz que, naquele momento, os reajustes não haviam sequer sido oficialmente discutidos. "Esse aumento é fictício", explica o reitor. "Há uma forte participação de professores para que os alunos ajam dessa forma." A crise tem aspectos políticos. O reitor e o vice-reitor, eleitos separadamente, pertencem a grupos opostos. Das três unidades, a de Filosofia faz oposição ao reitor e as de Engenharia e Economia o apóiam. Entre os líderes do movimento contrário está um professor que postula concorrer à prefeitura de Santo André em 2008. "Há motivações acadêmicas, que acabam sendo usadas politicamente", diz o vereador Antônio Leite (PT), vice-presidente da Câmara Municipal. "Existem pessoas que estão lá dentro há muito tempo e já não se suportam, o que vai gerando grandes conflitos." Na quinta passada, após um protesto de estudantes, os vereadores decidiram criar uma comissão de assuntos relevantes, para investigar supostas irregularidades cometidas pelo reitor. O que os vereadores votarão hoje é um requerimento para que fique fora do cargo nos seis meses de investigações. "Há mais de cinco anos a fundação vem sendo alvo de denúncias de má gestão. Isso culminou com um aumento abusivo das mensalidades, além do esvaziamento de alguns cursos. A situação chegou a um ponto insustentável", afirma o vereador Paulinho Serra (PSDB), defensor do afastamento do reitor. Para Bermelho ser afastado, é preciso que assim seja votado pelo Conselho Diretor. A eventual decisão de hoje da Câmara seria só sugestão. Além disso, mesmo com a decisão do Conselho Diretor, o Ministério Público do Estado - que fiscaliza as fundações - teria de dar seu aval. Várias denúncias de supostas irregularidades cometidas pelo reitor chegaram ao Ministério Público nos últimos tempos. Auditorias foram realizadas e nenhum problema grave foi encontrado. Todas as denúncias foram arquivadas. O centro universitário pertence a uma fundação municipal. Apesar de ser ligado ao poder público, pode cobrar mensalidades porque foi criado antes da Constituição de 1988. Tem 12 mil alunos. Ontem, a instituição anunciou que estuda um reajuste de 5% nas mensalidades da maioria dos cursos no ano que vem. Mas haverá casos em que poderão ficar até 22% mais baratas. Odair Bermelho está em seu segundo mandato consecutivo como reitor.

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