Vaticano exige que bispo se retrate

Britânico que negou o Holocausto terá de se desculpar publicamente

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Por EFE
Atualização:

O Vaticano exigiu ontem que o bispo Richard Williamson se retrate de maneira "inequívoca e pública" de sua negação do Holocausto. Além disso, pediu a Williamson e aos outros três bispos que recentemente tiveram sua excomunhão suspensa pelo papa que aceitem o Concílio Vaticano 2º. A Santa Sé também sublinhou que Bento XVI desconhecia a posição negacionista do prelado britânico. Uma semana após o papa reiterar sua condenação ao Holocausto e aos que o negam, o que foi considerado insuficiente por rabinos judeus e políticos europeus, entre eles a chanceler alemã, Angela Merkel, o Vaticano divulgou ontem um comunicado com o objetivo de encerrar o caso. Williamson, de 68 anos, negou o Holocausto e a existência das câmaras de gás e, após os protestos, limitou-se a pedir desculpas ao pontífice. "A atitude de Williamson sobre o Holocausto é absolutamente inaceitável e firmemente rejeitada pelo papa. O bispo, para ser admitido nas funções episcopais na Igreja, terá de se retratar", afirmou a nota. Sobre o processo da reabilitação dos quatro prelados e a situação atual da Fraternidade Sacerdotal de S. Pio X, fundada pelo arcebispo tradicionalista Marcel Lefebvre, o Vaticano ressaltou que a revogação da excomunhão representa apenas a "abertura de uma porta para o diálogo". Os quatro bispos foram excomungados após serem ordenados de maneira ilegítima em 1988 por Lefebvre, que nunca reconheceu o Concílio Vaticano 2º, o que provocou um cisma na Igreja Católica Apostólica Romana. A suspensão da excomunhão dos prelados, acrescentou o Vaticano, "não significa" que a situação jurídica da Fraternidade Sacerdotal de S. Pio X tenha mudado. "Os quatro bispos não têm uma função canônica. Isso significa que eles não podem celebrar missas, administrar os sacramentos ou predicar", disse o Vaticano. Na Alemanha, terra de Bento XVI, o Conselho Central dos Judeus e a Conferência Episcopal celebraram a atitude do Vaticano. A presidente do conselho, Charlotte Knobloch, afirmou que a iniciativa da Santa Sé é um "primeiro passo" para que o diálogo com a Igreja Católica seja retomado.

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