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Uso de anorexígenos é abusivo

EUA, Brasil e Argentina são os maiores consumidores

Por Alexandre Gonçalves
Atualização:

Um novo relatório divulgado pelo International Narcotics Control Board (INCB), entidade ligada às Nações Unidas, mostra que Estados Unidos, Argentina e Brasil lideram o consumo de drogas anorexígenas, os chamados inibidores de apetite. Segundo o estudo, os três países responderam por 78% do consumo mundial desse tipo de estimulantes em 2007. No período, os Estados Unidos apresentaram um consumo de 9,5 doses diárias de anorexígenos para cada mil habitantes (S-DDD, na sigla em inglês). A Argentina e o Brasil, por sua vez, consumiram 7,7 doses por mil naquele ano. A responsável pela Seção de Controle de Psicotrópicos do INCB, Margarethe Ehrenfeldner, considera que ainda falta informação sobre os riscos do consumo inadequado de anorexígenos. "As pessoas precisam saber que não é chiclete", aponta Margarethe. "Além de causar dependência, pode acarretar problemas renais, hepáticos e cardíacos graves." A fentermina é o estimulante mais consumido no mundo, mas, no Brasil, o fenproporex ocupa o primeiro lugar, seguido pela anfepramona, pela fendimetrazina e pelo mazindol. Todos são derivados da anfetamina. "Depois de seis ou oito semanas de uso, os neurotransmissores estão esgotados e o medicamento já não inibe tão bem o apetite", explica a farmacêutica Mônica Gontijo, pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "As pessoas aumentam então a dose sem prescrição médica." Mônica, que trabalha também na Vigilância Sanitária de Belo Horizonte, realizou uma pesquisa sobre o consumo de anorexígenos na capital mineira. Cada grupo de mil habitantes consome 19,75 mg de anorexígenos por dia, um valor 40 vezes maior do que o observado na Europa. A pesquisadora também sublinha a necessidade de melhorar a formação dos médicos. "Antes, era comum encontrar receitas com doses maiores do que as necessárias", afirma Mônica, apontando que a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2007, que estabelece critérios mais rígidos para prescrição e comercialização desse tipo de anorexígenos, tornou mais racional o uso dos medicamentos.

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