Um quarto das adolescentes da América Latina já é mãe

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Por Jamil Chade
Atualização:

Quase 25% das adolescentes que vivem na América Latina já ficaram grávidas ao menos uma vez. O alerta sobre o número elevado de casos de gestações em mulheres com menos de 20 anos na região faz parte de um estudo do Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicado ontem em Genebra. De acordo com a avaliação, países da América Latina têm um dos índices mais altos do mundo e atualmente seguem uma tendência contrária ao que ocorre em outros continentes, que conseguiram reduzir ou estão diminuindo os casos de gravidez na adolescência. Enquanto nos outros continentes existe atualmente uma queda importante no índice de gravidez entre meninas com menos de 20 anos de idade, na América Latina a situação seguem um caminho diferente - e apenas a África tem índice de gravidez maior que a região. O documento faz uma forte relação entre essas gestações precoces, a pobreza e a desigualdade entre os gêneros. Por exemplo, mesmo na América Latina, apenas 5% das meninas com maior renda passou por um parto. Já nas camadas mais pobres a taxa é superior a 30%. A preocupação da ONU é de que essas meninas, ao engravidarem, são as primeiras a deixar a escola, afetando suas possibilidades de trabalho por anos. O fenômeno, segundo a ONU, ainda "reforça a desigualdade de gêneros" na América Latina, onde metade das mulheres trabalham, mas recebem salários inferiores aos pagos aos homens. Na faixa entre 20 e 40 anos, são 70% das mulheres no mercado de trabalho. No Brasil, a média chega quase a 60%. Além de receberem menos pelo mesmo tipo de função, as jornadas de trabalho cumpridas pelas mulheres são maiores que as dos homens. No Brasil, a renda média da mulher é 60% a renda dos homens. Apesar disso, um terço das casas no Brasil dependem inteiramente da renda obtida pela mulher - um número que cresceu muito nos últimos anos. En 1990, essa taxa era de 20%. Na América Latina, a média é de 30%. Outro fator preocupante segundo o documento da OIT e do Pnud é que a qualidade do trabalho obtido pelas mulheres continua questionável. Cerca de metade das mulheres que trabalham estão na informalidade, situação que piora conforme cai a renda e a escolaridade. No Brasil, 71% das mulheres negras que trabalham estão em empregos informais. Na região, apenas 15% das mulheres contam como algum sistema de pensão. Para a OIT, a crise financeira ainda pode ameaçar os avanços obtidos nos últimos anos em termos de igualdade de gêneros e oportunidades.

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