UE propõe menos de 10% dos recursos que ONU pede

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Por Jamil Chade e GENEBRA
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Para lutar contra as mudanças climáticas, países ricos vão oferecer aos emergentes financiamento inferior ao que as Nações Unidas consideram necessário. Bruxelas anuncia hoje um plano, mas os recursos são uma fração do usado para salvar bancos da crise. E mais da metade viria do setor privado, ao contrário do que se esperava. Para a ONU, os ricos deveriam dar US$ 500 bilhões (cerca de 340 de bilhões euros ) por ano em ajuda ambiental aos emergentes. Mas a UE revelou que está disposta a oferecer 15 bilhões por ano. Pela proposta, os EUA dariam 12 bilhões de euros por ano. Diplomatas europeus alertam que os números, alvo de negociações internas na UE, podem mudar até sua publicação oficial, hoje. Mas não fugiriam dessas dimensões. Após anos de enfrentamentos, os grandes emergentes aceitaram que terão de fazer esforços em reduzir suas emissões de CO2, mas em proporção menor que os ricos e sem limites tão rígidos. Em troca, querem que os ricos ajudem a pagar pelos ajustes. O que os emergentes não querem é que os limites acabem freando seu processo de crescimento. A proposta indica que os emergentes receberiam 100 bilhões de euros por ano até 2020, como o Estado antecipou. O valor era considerado baixo diante da estimativa chinesa de que precisará sozinha de 203 bilhões. O plano agora aponta que a contribuição da UE ficará entre 16% e 30% do valor dos 100 bilhões. Ele estabelece que a cota de cada país depende de sua capacidade de pagar e da responsabilidade histórica em termos de poluição. Pelos cálculos, os americanos pagariam entre 17% e 24% da conta total - 12 bilhões de euros. O plano também indica que os ricos poderiam usar dinheiro que vai para programas sociais, o que a ONU não queria. "A proposta vai roubar dinheiro dos hospitais", disse Elise Ford, chefe da entidade Oxfam na Comissão Europeia.

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