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Testemunhas de tragédias e grandes belezas

Desbravamos a região de maior biodiversidade do planeta

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Por Redação
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O repórter Lourival Sant?Anna e o fotógrafo Dida Sampaio viajaram por quase um mês pelo longínquo sudoeste amazônico. Visitaram, entre outros lugares, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Cujubim, ao longo do Rio Jutaí. Testemunharam que a extração de madeira nas reservas está contida, mas a lei da sobrevivência ainda leva os moradores a pescar pirarucus e tracajás, e a extrair látex e óleo de copaíba para vender. Lourival e Dida desafiaram piuns e carapanãs (os mosquitos amazônicos) - que grassam nos afluentes do Rio Solimões, tornam a região inóspita e o turismo, inviável, apesar da beleza selvagem. Passaram noites sob cobertas de palha, atormentados pelo calor do dia e pela friagem amazônica de algumas noites. Tomaram banho de cuia em áreas protegidas, mas não ousaram mergulhar nas águas dominadas por ariranhas, piranhas, candirus e jacarés. O repórter Herton Escobar viajou pelas cercanias de Manaus para conhecer projetos experimentais avançados. Visitou uma das 16 torres do Projeto LBA, de onde, a 54 metros de altura, presenciou o magnífico fenômeno da elevação de vapor d?água, um dos mais impressionantes eventos naturais da Amazônia. De São Paulo, ouviu dezenas de especialistas para coletar números sobre a superlativa floresta, suas dimensões, os índices de desmatamento, as espécies de flora e fauna. Foi a maior dificuldade de um repórter em todo o trabalho: ou os números não existem, ou são flagrantemente insuficientes ou são contraditórios entre os pesquisadores e instituições. Herton teve de fazer um extenuante exercício comparativo para escolher os números confiáveis. O repórter Carlos Marchi e o fotógrafo Jonne Roriz viajaram para São Gabriel da Cachoeira, na região da "cabeça do cachorro", extremo noroeste do Amazonas, a 1 mil km de Manaus, onde fixaram base para viajar, durante duas semanas, pelo Alto Rio Negro, onde estão as etnias indígenas mais organizadas do Brasil. Em Manaus, trocaram o avião a hélice por um barco típico da Amazônia, numa viagem de 51 horas pelo Rio Negro, durante a qual captaram uma fração singular da trama social da Amazônia. Depois, voaram até Parintins e retomaram o bote a motor para visitar aldeias nos Rios Amazonas e Andirá. Nessas incursões, padeceram com o sol amazônico, enfrentaram tempestades assustadoras e comeram enlatados, bananas e biscoitos. Ao todo, entrevistaram 48 pessoas - antropólogos, sociólogos, demógrafos, arqueólogos, geógrafos, professores universitários, religiosos, médicos, dirigentes de ONGs, caciques, pajés e líderes indígenas. O repórter José Maria Tomazela e o fotógrafo José Luís Conceição viajaram 1 mil km de terra pela Transamazônica, cortando o sul do Amazonas para flagrar ocupações de terra e garimpos legais e ilegais. Andaram por trechos em que tinham de acender os faróis durante o dia, já que a fumaça das queimadas transformava os dias em noites. Cruzaram pontilhões de troncos. Num deles, o Gol que usavam caiu no rio, estourou o radiador e teve ser rebocado por 150 km. A estada dos dois em garimpos foi cercada de incertezas. Primeiro, pelo temor de contrair malária; segundo, por causa do desconforto que a presença deles causava aos garimpeiros. Em alguns grotões, só entraram acompanhados pela polícia. Mas, em todas as movimentações, eram claramente seguidos por olheiros dos garimpeiros. O repórter Agnaldo Brito e o fotógrafo Ed Ferreira voaram até Manaus e, de lá, dirigiram 180 km até Presidente Figueiredo, onde visitaram a Hidrelétrica de Balbina e seu lago de triste memória. A repórter Tânia Monteiro conversou com chefes militares na Amazônia e em Brasília; de São Paulo, o repórter Roberto Godoy falou com estrategistas militares para montaram um cenário da situação da fronteira norte do Brasil.

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