Temporão admite epidemia de dengue no Nordeste em 2009

Norte e Baixada Fluminense também estariam sob risco; Rio tem 95 mortes

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Por Paula Puliti , Fabiane Leite , Carmen Pompeu e Talita
Atualização:

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, admitiu ontem que há risco de as regiões Nordeste e Norte e a Baixada Fluminense viverem em 2009 uma epidemia de dengue semelhante à que ocorre neste ano no Rio. "Existe sim o risco de a doença se espalhar no ano que vem", afirmou Temporão. O Ceará registrou mais de 1.300 novos casos da doença em apenas uma semana. Segundo boletim semanal da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgado ontem, este ano já foram confirmados 10.666 casos do tipo clássico, outros 156 do tipo hemorrágico e 124 de dengue com complicações. No boletim da semana passada, eram 9.388 do tipo clássico e 122 do hemorrágico. Houve 4 mortes desde o início do ano, 2 por febre hemorrágica e 2 por complicações. Outras 11 mortes estão sendo investigadas. As autoridades de Saúde do Ceará já admitem que o quadro é de epidemia. Sobre a situação no Rio, Temporão avaliou, durante inauguração de centro de distribuição de medicamentos em Itapevi (SP), que a tendência é "estabilizar e melhorar". Ontem, a Secretaria Municipal da Saúde do Rio confirmou mais dois óbitos, elevando para 95 o total de mortos pela doença no Estado. Na próxima semana, o ministro se reúne com governadores do Nordeste. A idéia é que eles mobilizem prefeitos para ações de prevenção da dengue. "Nenhum país do mundo é capaz de enfrentar a epidemia sem acesso à água e a condições de moradia e de limpeza urbana, além de educação, conscientização e mobilização", disse. No ano passado, segundo Temporão, o governo federal destinou R$ 700 milhões para Estados e municípios combaterem a dengue. Neste ano, a previsão é de R$ 800 milhões. "Já estamos fazendo tudo o que temos de fazer para evitar a doença. Tudo o que há de mais eficaz contra a dengue o Brasil utiliza, mas, em condições de miséria e de falta de moradia, acho que é muito difícil", afirmou. NOVOS CASOS Araraquara e Ribeirão Preto confirmaram ontem novos casos de dengue. Araraquara, que vive uma epidemia da doença neste ano, já tem 776 casos, sendo 772 autóctones e 4 importados. Existem ainda 245 casos suspeitos, aguardando resultados de exames laboratoriais. Araraquara é a cidade com a maior incidência de dengue até o momento no Estado de São Paulo. Ribeirão Preto chegou a 509 casos, sendo 495 autóctones e 14 importados. A Secretaria Municipal da Saúde de Belo Horizonte (MG)confirmou ontem o segundo caso de dengue hemorrágica na capital mineira. Exames realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) confirmaram a forma hemorrágica da doença em um menino de seis anos, morador da região da Pampulha. O paciente ficou internado do dia 10 a 20 de abril no Hospital João Paulo II. Segundo a secretaria, ele recebeu alta e passa bem. Em Belo Horizonte, foram registrados 2.816 casos, sendo 6 de dengue com complicações e 2 hemorrágicos. Não houve morte. MAIS RECURSOS O ministro da Saúde também afirmou que uma forma de viabilizar a Emenda Constitucional 29, que prevê mais recursos para a Saúde, seria elevar a tributação sobre cigarros e bebidas. "Há uma visão da Receita (Federal) de que o aumento do preço estimularia o contrabando, mas isso não é argumento. Contrabando é problema da Polícia Federal, meu problema é saúde."

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