''Tem de ter os incentivos, mas também as exigências''

Ministro quer mudanças em cursos de Pedagogia e colaboração entre a União, os Estados e os municípios

PUBLICIDADE

Por Lisandra Paraguassu
Atualização:

O ministro da Educação, Fernando Haddad, admite que a formação do professor brasileiro é ruim. E que mexer em uma estrutura que não muda há décadas vai custar tempo e dinheiro. Mas o governo federal crê que, após dar piso salarial aos professores, chegou a hora de cobrar. A seguir, trechos da entrevista exclusivo ao Estado. Os esforços do MEC visam a melhorar a qualidade do professor, mas não podem também restringir o acesso a uma carreira que não é tão interessante? A ideia é iniciar um processo de valorização da carreira. Tem de ter os incentivos, mas também aumento das exigências. Se de um lado estamos nos esforçando para remunerar melhor, e se a formação agora está sendo assumida pelo Estado, justifica-se aumentar as exigências. Se fizermos isso acompanhando de um lado a atratividade da carreira e de outro o aumento das exigências, teremos um círculo virtuoso de melhoria do corpo docente. É uma medida imediata que tem efeitos a longo prazo. Mas o censo do professor mostra que a atuação dos docentes não deveria ser tão ruim. A maioria tem curso superior. Mas é ruim a formação. Por isso estamos mudando o instrumento de autorização de cursos de Pedagogia. Vamos alterar também o reconhecimento de cursos. A exigência do MEC será que 70% da carga horária seja destinada a disciplinas teóricas e práticas voltadas para formação do professor. Se nós não atuarmos nos cursos de Pedagogia, continuaremos com a deficiência de formação. Até onde o MEC pode ir para influenciar a formação? A responsabilidade pelo ensino básico é dos Estados e municípios. O MEC está indo até onde pode ir. A formação de professores não é exclusiva dos Estados e municípios. O que está em jogo não é se é União, Estados ou municípios. É a compreensão de que não se pode deixar recair um assunto dessa importância nos ombros de um ente federado. Ou se faz em regime de colaboração ou continua a precariedade. Estamos assumindo a parte que recusávamos a assumir no passado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.