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SP registra recorde de transplantes

Foram 1.485 cirurgias de órgãos em 2008, maior n.º na década; o Estado, porém, ainda tem mais de 13 mil na fila

Por Karina Toledo
Atualização:

O Estado de São Paulo registrou no ano passado número recorde de transplantes de órgãos: 1.485. Isso representa um aumento de 31,7% em relação a 2007, quando foram realizadas 1.127 cirurgias. Trata-se do maior aumento porcentual verificado em um ano desde 1998, quando a Secretaria de Estado da Saúde iniciou a contabilização, com 594 casos. Conheça as medidas do Ministério da Saúde para aumentar os transplantes O número de transplantes de córneas, que são consideradas tecido, também foi o maior do período: 6.198 - crescimento de 25,6% em relação a 2007. Para o coordenador da Central de Transplantes da secretaria, Luiz Augusto Pereira, o maior crescimento de 2008 se deve principalmente ao investimento que tem sido feito, desde 2006, na formação de profissionais de saúde - principalmente médicos que atuam na emergência e na terapia intensiva - para a identificação de potenciais doadores e para o trabalho de convencimento das famílias. "Mais de 500 profissionais foram treinados desde o segundo semestre de 2006. No ano passado, por exemplo, fizemos quatro cursos exclusivos para médicos, nos quais eles foram treinados para diagnosticar a morte encefálica e passaram por simulação de entrevista com familiares", conta Pereira. "Acreditamos que isso teve um grande impacto no número de notificações de doadores no Estado", diz O vice-presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), Ben-Hur Ferraz Neto, aponta ainda outras ações que ajudam a explicar o crescimento dos transplantes de órgãos em São Paulo. Uma delas foi a parceria firmada entre a Secretaria da Saúde e o Hospital Albert Einstein. "Foram escolhidos quatro hospitais públicos com alto índice de mortalidade e baixa notificação de doadores e o Einstein colocou em cada um deles um coordenador intra-hospitalar de transplantes, ou seja, uma pessoa treinada para identificar potenciais doadores e acompanhar o caso até que a doação se efetive", explica Ferraz Neto. No hospital de Guarulhos, um dos participantes do projeto, o número de notificações subiu de 24, em 2007, para 52, em 2008. Se somados os dados de outros hospitais da região, onde esse coordenador intra-hospitalar também atua, o número subiu de 45 para 94 notificações. "Só neste início de janeiro já tivemos 7 notificações e 2 doadores efetivos", conta Ferraz Neto. "Com certeza o caminho é esse", diz Pereira. "A secretaria tem planos de expandir o projeto para todos os hospitais estaduais e isso deve começar neste ano. O grande problema é a falta de profissionais especializados, pois essa é uma área nova." DIAGNÓSTICO O fato de a Secretaria da Saúde ter tornado disponível aos hospitais da Região Metropolitana o exame que confirma o diagnóstico de morte cerebral também foi um dos fatores que contribuíram para o crescimento dos transplantes. "Poucos hospitais têm acesso a esse exame, pois não faz parte da rotina de atendimento. A secretaria contratou uma empresa que, sempre que necessário, vai até os hospitais e realiza o exame. Sem ele não é possível confirmar a morte encefálica e obter autorização para a doação", explica Pereira. Embora São Paulo seja responsável por praticamente metade dos transplantes realizados no País, 13.244 pessoas ainda estão na fila de espera por um órgão no Estado. "Nossa meta é atingir o dobro de transplantes registrados em 2008, o que nos colocaria num patamar semelhante ao dos Estados Unidos. Eles têm hoje 25 doadores por milhão de habitantes e nós temos 12,5. Estamos na metade do caminho", diz Pereira. NÚMEROS 13.244: pessoas estão na fila de espera por um transplante no Estado. O maior número é registrado na fila do rim - 9.911 pessoas -, pois a hemodiálise possibilita maior sobrevida aos pacientes. Veja os dados para os outros órgãos e tecido: Fígado: 2.556 pessoas Pâncreas e rim: 391 pessoas Córnea: 136 pessoas Coração: 114 pessoas Pulmão: 80 pessoas Pâncreas: 56 pessoas

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