Sem verba, museu dos dinos em MG é fechado

Treze funcionários do Museu dos Dinossauros e o Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, em Peirópolis, foram demitidos

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Por Cristina Amorim
Atualização:

A falta de R$ 15 mil por mês para pagar salários e manutenção fez o Museu dos Dinossauros e o Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, em Peirópolis, vila a 20 quilômetros de Uberaba (MG), fechar as portas. Todos os funcionários deixaram o local: 13 foram demitidos, incluindo o coordenador-geral, Luiz Carlos Borges Ribeiro, e outros cinco "emprestados" por outras instituições, dispensados. O centro esteve envolvido em algumas das mais importantes descobertas recentes no Brasil. Entre elas, a do crânio fóssil do crocodilomorfo Uberabasuchus terrificus, um crocodilo pré-histórico de até 3 metros que vivia na região há 70 milhões de anos, e de titanossauros, dinossauros herbívoros que chegavam a 15 metros de comprimento. "A perda é enorme, até mesmo para a credibilidade da instituição. Temos parceira com outros centros, projetos em andamento, réplicas de dinossauros encomendadas - e já pagas - por outros museus. E falta dinheiro para pagar salário, luz, água, telefone e material de limpeza", diz Ribeiro. O fechamento aconteceu na segunda-feira, após o término de um convênio, no valor de R$ 58.300, entre a prefeitura de Uberaba e a Fundação Municipal de Ensino Superior de Uberaba (Fumesu), mantenedora do centro e do museu. Com isso, a Fumesu alega não ter condições de bancar as atividades. "Esse era um dos custos mais altos", diz o diretor-executivo da fundação, Márcio Mengatti. Segundo ele, uma proposta de transferência para a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) foi discutida em maio, com a presença de uma assessora do gabinete do prefeito e um representante da universidade. O custo deixaria de ser municipal para ser federal. "Agora me dizem que essa pessoa já foi exonerada e nada foi passado", afirma Mengatti. Tanto o diretor quanto o ex-coordenador do museu dizem que a transferência não aconteceu em 2007 inclusive por causa de entraves jurídicos, especialmente a desapropriação do terreno onde o museu está instalado, que nunca foi paga. ALTERNATIVA O prefeito de Uberaba e ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto (PL) diz não ter sido comunicado previamente sobre a situação financeira do centro e do museu, nem das conversas entre Fumesu e UFTM. Também afirma que o interesse imediato é reabrir as instalações e procurar, paralemente, uma solução permanente para a falta de verbas. "A solução definitiva, como acontece com outras instituições paleontológicas no Brasil, é a transferência para uma universidade", diz Adauto. Ele diz esperar apenas que o conselho da fundação aprove a transferência do centro e do museu para a prefeitura. Ribeiro diz que conversou com Adauto sobre uma transferência do centro para a universidade há cinco meses. "A única preocupação que coloco é a manutenção da equipe atual do centro, que são pessoas simples e qualificadas para o que fazem, mas não tem o tipo de preparação que as universidades federais pedem nos concursos." Peirópolis está localizado em uma das regiões mais importantes para a paleontologia nacional, e o centro conduziu pesquisas próprias e em parcerias com outras instituições, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O ex-coordenador procura agora parcerias privadas para reabrir o centro. "De uma forma ou de outra, espero que o museu pelo menos reabra até sábado, por causa do período de férias", diz Ribeiro.

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