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Secretário chama Enem obrigatório de ''absurdo''

Mas elogia a adoção do exame na seleção das federais

Por Simone Iwasso
Atualização:

O secretário estadual da Educação, Paulo Renato Souza, criticou ontem a proposta do Ministério da Educação (MEC) de tornar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) obrigatório para todos os concluintes dessa etapa de ensino da rede pública. Foi a primeira vez que o secretário falou sobre o tema após todos os anúncios de mudança, dando a entender que São Paulo pode não aderir ao projeto, que classificou de "absurdo". "O debate levou a uma sugestão que me parece absurda, que é a de criar um exame nacional de certificação do ensino médio, que seria uma ideia inclusive mais radical que a própria experiência francesa ou alemã, que é um exame de certificação para quem vai para a universidade", afirmou ele, ao enumerar suas considerações sobre o novo Enem. "Acho que o ministério não tem a intenção de fazer um exame de certificação geral do ensino médio com o Enem ou obrigar a todos os Estados que o façam, senão estaríamos destruindo todo o sistema federativo na educação", disse. O ministro Fernando Haddad explicou que a proposta de um exame geral, com adesão dos Estados, surgiu em reuniões com os Estados, por meio do conselho de secretários (Consed). "Estados que quiserem universalizar o Enem para os concluintes, será tanto melhor para as escolas, que terão um instrumento mais fidedigno para o acompanhamento da qualidade. São evoluções naturais", disse Haddad. A proposta foi divulgada no mês passado pelo MEC, após reunião com o Consed. O objetivo inicial era que a obrigatoriedade acontecesse no ano que vem, o que pode não ocorrer pela dificuldade de garantir condições para que todos os alunos tenham acesso ao exame. A decisão deve depender de cada Estado. Outro ponto de divergência surgiu quando ambos foram questionados sobre a divulgação dos resultados do Enem por escola, feita regularmente pelo ministério desde 2006. Segundo o ministro, a elaboração de rankings "é um desdobramento natural da cobertura" e os "pais discernem adequadamente quais escolas devem e podem comparar". Na análise do ministro, essa forma de divulgação dos resultados "estabeleceu um paradigma no País". Paulo Renato defendeu que os resultados do Enem não podem ser comparáveis, por não se tratar de uma amostra fidedigna dos alunos das escolas. "O Enem é uma prova voluntária de alunos. Por mais que a grande maioria faça, não podemos ter a certeza de que a amostra de cada escola é representativa." O consenso apareceu quanto à adoção do Enem como parte do processo seletivo das universidades federais. Neste ano, 45 instituições vão adotar o novo modelo, com conteúdos expandidos, como primeira fase ou prova única. "Era o meu sonho", disse Paulo Renato, explicando que quando era ministro pretendia propor esse uso para as federais. O NOVO ENEM Questões: O exame passará de 63 questões para 180, aplicadas em dois dias, abordando quatro áreas do conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias (incluindo redação); ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias e matemática e suas tecnologias Vestibular: A nota obtida no Enem continuará sendo aceita em vestibulares de várias instituições, como a Universidade de São Paulo (USP), e também no processo seletivo do ProUni. Além disso, 45 universidades federais vão adotar a prova como primeira fase ou fase única de seus vestibulares. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) é uma delas EJA: O ministério pretende também usar o Enem como prova certificatória dos concluintes de ensino de jovens e adultos. Ele deverá ainda substituir a prova inicial do Enade, aplicada aos alunos do primeiro ano dos cursos de graduação Obrigatoriedade: Uma outra proposta, divulgada após reunião com conselho dos secretários de educação (Consed), prevê que o Enem se torne obrigatório para formandos do ensino médio da rede pública

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