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Saúde muda forma de diagnóstico da gripe suína após alta de casos

Pessoas com suspeita de contaminação que tiveram contato com doente serão consideradas casos confirmados

Por Ligia Formenti
Atualização:

O aumento expressivo de casos de gripe suína registrado na última semana levou o governo brasileiro a restringir o uso do medicamento antiviral oseltamivir (Tamiflu) e a alterar a forma do diagnóstico da doença. Até ontem, o remédio era indicado para todos os pacientes com suspeita da doença. Com a nova recomendação, ele passa a ser usado apenas para pessoas que apresentem um quadro mais grave ou maior risco de complicação - como menores de 2 anos, maiores de 60, gestantes e pacientes com diabetes. Acompanhe todo o noticiário sobre a gripe suína no País e mundo O uso do teste de diagnóstico também não será mais para todos os casos. Pessoas com suspeita da doença que sejam da mesma instituição (escola, empresa) de um paciente cuja infecção foi confirmada laboratorialmente automaticamente também serão consideradas casos confirmados. Ontem, o ministério confirmou mais 70 casos novos da doença. Agora, há no País 522 pacientes com gripe suína confirmada e outros 477 casos sob investigação. São Paulo é o Estado com o maior número de registros até agora - 260 (ou 49,8% do total) - seguido por Minas, com 65 doentes. Depois aparece o Rio, com 52 casos. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que a restrição do uso do antiviral tem dois objetivos: reduzir o risco de o vírus tornar-se resistente ao remédio e, ao mesmo tempo, evitar que mais pessoas tenham reações adversas à medicação. "Ressalto ainda que o uso do oseltamivir não é o único meio eficaz para a cura da influenza. Por isso, a situação não muda o compromisso do ministério. Todos terão assistência adequada", completou. Ele disse que não há problemas de estoque do medicamento. Temporão avalia que a doença continuará aumentando no País. Sua previsão tem duas explicações - o clima mais frio, quando tradicionalmente há maior número de casos de gripe, e a chegada das férias escolares, período em que há um aumento grande de viagens. "Quanto mais as pessoas usassem o remédio de forma desnecessária maior seria o risco de o vírus tornar-se resistente." As mudanças na forma do diagnóstico, por sua vez, foram feitas para dar mais agilidade ao processo e reduzir o desperdício de kits. A partir da próxima semana, outros 3 laboratórios passarão a fazer testes de diagnóstico da gripe suína. Os nomes ainda serão anunciados. De acordo com o ministro, a Organização Mundial da Saúde estuda também fazer alterações das recomendações globais, justamente por conta do aumento do número de casos e da expansão da doença pelo mundo. "Nada do que fazemos está fora do que dizem os protocolos e evidências científicas." Temporão fez questão de trazer mensagens de calma à população. Lembrou que a taxa de mortalidade da gripe suína é baixa (0,4%) e que o vírus, por enquanto, não apresentou mutação. "Ela não é mais grave que a gripe comum", garantiu. Ele observou que, apesar do aumento dos casos, não há transmissão sustentada no Brasil.

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