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Saúde e diversão

Em vez de perseguir uma silhueta perfeita, muitas mulheres se exercitam apenas pelo prazer e bem-estar

Por Agencia Estado
Atualização:

Barriga tanquinho, bumbum durinho, pernas musculosas não são bem o objetivo de muitas mulheres que praticam atividades físicas só pelo prazer. Uma gordurinha aqui, outra acolá, culote, quadril farto não tiram o sono, nem a auto-estima, delas. Saúde e bem-estar são as prioridades. ?Meu foco não é estética, nem ficar forte e gostosona?, avisa Giovana Narcisi, de 38 anos. ?Prezo uma vida divertida, curto participar de campeonatos, mas tudo sem neura, porque já basta a que existe no mundo.? Cada uma na sua modalidade, o que vale é chacoalhar os esqueletos e se divertir. Giovana costuma suar (e muito) jogando peteca no Clube Pinheiros. E a peteca da qual é adepta não tem nada a ver com aquele modelo antigo, com base redondinha, fofa e penas coloridas. Na nova versão, tem base de borracha e penas aparadas e bem juntinhas. A partida lembra a de vôlei, no uso da rede e disposição da quadra, mas o time é formado por dois jogadores e as regras são totalmente diferentes. ?É um esporte intenso, de ficar com a língua de fora. Por isso que me apaixonei?, conta a diretora de comércio exterior, casada e mãe de duas meninas, de 2 e 8 anos. ?Gasto tanta energia que nem preciso me preocupar muito com alimentação. Claro que me cuido, porque, a partir de uma certa idade, é fácil ganhar peso, mas não sou daquelas que só comem produtos diet. Não me privo de nada.? A fonoaudióloga Priscila Jácomo, de 28 anos, é outra que nunca teve a preocupação de malhar para ficar ?gostosa?. Pelo contrário, nunca foi fã de academia. Verdade que até tentou encarar uma rotina de exercícios nesses centros de fitness. Mas, pouco tempo depois de se matricular, desistiu. - É muito chato fazer algo por obrigação. Por isso, procurei uma atividade que me desse prazer e descobri o Galpão do Circo, que oferece aulas de trapézio, cama elástica, perna de pau, acrobacia, etc. Antes das aulas, o aquecimento é brincar de pega-pega, entre outras brincadeiras. Resgatamos a criança de cada um e as pessoas se soltam. O clima é outro, bem diferente da atividade individualista e narcisista das academias. O corpo violão de Priscila permanece intacto após um ano e meio de aulas de circo. Aliás, mudar suas formas curvilíneas nunca foi seu plano. Mas ela ganhou mais massa muscular, como observam respeitosamente os amigos. Empolgada com a experiência, ela faz atualmente curso de palhaço, que também exige exercícios corporais complexos para adquirir presença cênica. Nos fins de semana, a fonoaudióloga se transforma em palhaço para divertir crianças internadas em hospitais, junto com amigos da ONG Operação Arco-Íris. Válvulas de Escape Com a prática do futevôlei e futebol, Michele Smetana, de 26 anos, desestressa depois de um dia exaustivo de trabalho como auditora e se diverte. Os dois esportes são sua paixão. O que vier mais é lucro, tal como saúde de ferro, pernas fortes, bumbum durinho. ?No verão, saio do serviço e vou direto para o Clube Pinheiros jogar com os amigos. É uma delícia?, exclama. ?Volto para casa tarde e durmo superbem. É a minha válvula de escape.? Michele geralmente vai ao clube duas vezes por semana. Assim que chega, joga algumas partidas de futevôlei e depois encara o treino de futebol. Nos fins de semana segue o mesmo roteiro, que inevitavelmente termina em cervejada com a turma. Com a energia que gasta em campo e na quadra de areia, ela se dá o direito de comer o que quiser. ?Meu corpo não segue o padrão de hoje, que se resume a magreza e pernas finas. Não sou gorda nem magra, mas não vou ficar o dia inteiro malhando, virar uma escrava, só para conseguir medidas que são irreais ao meu biotipo. Muitos caras hoje preferem as mais magras, mas não estou nem aí. Não pretendo conquistar alguém por causa do corpo, aposto em minhas outras qualidades. O importante é se sentir bem.? As irmãs Silvana e Luciana de Carvalho, de 40 e 41 anos, respectivamente, escolheram a corrida. Duas vezes por semana, chegam ao Parque do Ibirapuera, às 6h30 da matina, e partem para o treino junto com outros colegas. Aos sábados, correm na USP e seguem à risca o treino de domingo, especificado em planilha e orientado pelo professor. O empenho, no entanto, não tem nada a ver com fanatismo. Não deixam de sair com amigos, curtir uma festa ou um jantar para levantar cedo no dia seguinte. Querem, sim, usufruir dos benefícios da corrida e se cuidar de maneira saudável. ?Inserir um esporte na rotina, de uma forma prazerosa, é um desafio?, observa a nutricionista Luciana. ?Já tive a minha fase de cobranças, de ficar horas na academia malhando, me privando na alimentação e deixando de curtir os amigos só para investir no corpo. Virei a chata. Hoje vejo que, por trás de todo excesso, há sempre uma fuga de algum problema pessoal. Só parei com essa loucura quando tive duas lesões sérias, e vi como estava me aprisionando num estilo de vida que não tinha nada a ver comigo.? A empresária Silvana, por sua vez, nunca entrou no ritmo da irmã. ?Acho importante se cuidar. Mantenho alimentação balanceada, mesmo porque tenho uma nutricionista dentro de casa. Corro no parque com orientação profissional e faço academia para fortalecer a musculatura, mas tudo sem exageros. Não quero transformar algo que é importante para a saúde e bem-estar num fardo. Respeito meu biotipo e não almejo medidas perfeitas. Esporte é importante para mim porque me dá pique, energia, saúde e me deixa bem-humorada. Faz parte da minha vida.? Cada um faz o que pode para introduzir no dia-a-dia uma atividade física prazerosa. Bruna Arenque, de 24 anos, já participou de vários triatlos (natação, corrida e bicicleta). Mas, em determinado momento, precisou parar com tudo para dar prioridade à faculdade e ao trabalho. Na falta de tempo para os treinos, encontrou um jeitinho para não abandonar o esporte. Entre as três modalidades que competia, escolheu a que mais gostava, bicicleta. E passou a usá-la como meio de transporte pelas ruas de São Paulo. Pedala de Santana, bairro da zona norte, até a USP, onde faz mestrado em Biologia. Depois segue até Pinheiros, para dar aula numa escola de ensinos fundamental e médio. Às sextas, sai de casa às 6 horas para assistir à aula de inglês no Paraíso, zona sul. Tudo de bicicleta. ?Economizo, chego mais rápido porque não pego trânsito e ainda pratico o esporte que adoro?, afirma Bruna, que tem um filho de 5 anos - que acha a mãe o máximo. ?Na mochila, sempre carrego roupa limpa e toalha para um banho de ?gato? no banheiro dos locais onde estou.? A endorfina (substância liberada após as atividades físicas, que provoca boas sensações no corpo) é o vício de Bruna. Sem isso, ela fica mal-humorada e irritada. Em dias de chuva, é obrigada a deixar a bicicleta em casa, o que a entristece. Mas basta o tempo melhorar para sair de novo pedalando pelas ruas. Encara com coragem e muita alegria até mesmo motoristas mal-educados.

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