Robô resolve problema pendente desde anos 60

Equipamento, batizado de Adam, em referência ao Adão bíblico, traçou hipóteses sobre gene da levedura e planejou experimento para testá-las

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Por NYT e LONDRES
Atualização:

Pela primeira vez um robô conseguiu realizar uma descoberta científica. A máquina resolveu uma questão que estava em suspenso desde a década de 60. Adam - nome dado ao robô, uma referência ao primeiro homem bíblico - formulou hipóteses sobre a localização de um gene importante da levedura e projetou experimentos para provar sua teoria. Criada na Universidade Aberystwyth, no País de Gales, a máquina foi capaz de identificar o gene que codifica uma enzima essencial para a produção de lisina, aminoácido implicado no processo de crescimento. Ross King, líder do projeto, disse que a realização de Adam poderá desempenhar um importante papel na descoberta de fármacos contra fungos que causam doenças. Como os processos bioquímicos para produção de lisina nos fungos são diferentes dos animais, é possível prever uma terapia que iniba a produção de lisina nos agentes patogênicos, mas não nos seres humanos. "Malária e esquistossomose podem ser as próximas doenças pesquisadas pelo robô", afirma King que, em breve, pretende lançar o próximo protótipo: Eve (Eva, em inglês). A principal virtude dos robôs cientistas é realizar um grande número de testes repetitivos, sem se cansar ou perder a concentração. A equipe, que publicou seus resultados na revista Science, desenvolveu um algoritmo capaz de analisar os resultados dos experimentos e determinar qual é o próximo passo da pesquisa. CAÇA-EQUAÇÃO Cientistas da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, desenvolveram um programa capaz de processar uma enorme quantidade de dados brutos que descrevem um fenômeno e identificar invariantes - expressões matemáticas válidas para qualquer entrada de dados. Com base nas invariantes, em tese, é possível obter todas as equações que descrevem o sistema analisado. "Mas esse passo ainda depende de um interpretador humano", afirma Michael Schmidt, especialista em biologia computacional. Um computador "observando" um pêndulo, por exemplo, encontrou invariantes que fundamentam a física newtoniana.

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