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Restrições provocam efeitos psicológicos em mexicanos

Acostumados ao contato pessoal, moradores da capital sofrem com limitações por causa da doença

Por AFP
Atualização:

Apesar de a vida na capital mexicana começar a se normalizar com a reabertura de estabelecimentos comerciais e escolas, muitos ainda se sentem afetados pelo temor da doença. Os moradores da Cidade do México, local mais atingido pela gripe suína, reclamam de novas regras de convivência, como não compartilhar caneta no trabalho e ter de entrar nos lugares de maneira espaçada e com máscara. "As restrições são duras demais, fazem com que eu me sinta infectado, mesmo que não esteja", diz José María Martínez, um segurança particular. Ele conta que passou por uma situação desagradável ao se esquecer de manter distância e estender a mão para cumprimentar um parente que encontrou em um restaurante. "Ele me pediu para ficar a pelo menos 2 metros dele. Eu me senti mal." Segundo o psicólogo José Mercado, o país está "saindo de uma situação de pânico, mas ao mesmo tempo nos mantêm com a ideia de que o inimigo continua aqui, que ele vai nos matar e que para evitá-lo temos de nos isolar, o que fomenta de novo o pânico, a loucura. Isso, em termos psicológicos, é nefasto". Mercado completa dizendo que "a cultura latino-americana é de afeto, contato e muita emotividade. Essas limitações seriam mais normais para os anglo-saxões". ?FESTA DA GRIPE? Nos Estados Unidos, autoridades de saúde ficaram alarmadas após a notícia de que pessoas estavam combinando, pela internet, a realização de "festas da gripe suína", com o objetivo de se infectarem para desenvolverem anticorpos e assim se protegerem de uma possível nova onda da doença, mais forte. A ideia vem das "festas da catapora", nas quais crianças com a doença contagiam outras crianças que ainda não a pegaram. "Isso é um grande erro", afirmou Richard Besser, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês). "Essa é uma infecção nova e ainda estamos aprendendo sobre ela", alerta o médico. Os agentes de saúde dos Estados Unidos temem que o vírus A (H1N1) sofra mutações e se torne mais perigoso e resistente no decorrer do ano.

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