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Relatório deveria ter saído há no mínimo cinco anos, afirma especialista

Por Fabiane Leite
Atualização:

O diretor do banco de sangue do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Silvano Wendel Neto, diz que a Anvisa demorou para produzir o estudo. "A falha é que esse relatório deveria ter saído há cinco, seis anos. Não podemos culpar os serviços pela subnotificação porque a própria Anvisa não relatava nada", afirmou ele. O hospital é uma das unidades sentinela da Anvisa, contratada para justamente monitorar a qualidade das transfusões. Mas, segundo Wendel Neto, apesar do envio contínuo de dados, também jamais recebeu retorno até a chegada do boletim, em novembro do ano passado. Para o especialista, relatórios contínuos são uma forma de cobrança sobre os serviços de transfusão. Segundo Wendel Neto, o sistema de hemovigilância brasileiro está atrasado em relação ao existente na Europa e Canadá, mas também os EUA ainda estruturam uma rede para acompanhar as reações após transfusões. "Um sistema de hemovigilância começa assim. A notificação é voluntária e avança na medida em que as pessoas percebem que ela não é punitiva e que há acompanhamento." Especialista em hematologia e hemoterapia, Tiago Daltoé responde por agências de transfusão no Rio Grande do Sul. Ele alerta que a notificação é um processo difícil, que envolve o preenchimento de diversos campos de um formulário, o que faz profissionais evitarem o serviço. "A notificação é uma trabalheira." Uma das medidas que deram certo nos serviços onde trabalha, relata, foi designar a tarefa a determinados funcionários dos bancos de sangue.

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