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Rede de paleontologia está parada

Instituição em Minas Gerais, que custou R$ 6,1 milhões aos cofres públicos, é questionada por cientistas da área

Por Eduardo Kattah e BELO HORIZONTE
Atualização:

Quase um ano depois de inaugurada, a Rede Nacional de Pesquisas Científicas em Paleontologia, no distrito de Peirópolis, em Uberaba (MG), continua uma instituição inativa. Fundamentada na integração dos cientistas por meio de um sistema de videoconferências online, a rede foi instituída com verba pública de R$ 6,16 milhões e é vista com reserva pela Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP), que questiona sua necessidade. O projeto é vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) de Minas Gerais. Enquanto tenta vencer a resistência de boa parte das principais instituições da área, a Sectes firmou em abril acordo para a criação de um conselho gestor da rede, do qual participarão representantes da própria secretaria, da prefeitura de Uberaba e da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. No fim de novembro de 2007, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, esteve em Uberaba para inaugurar a rede, mas dez meses depois ainda não há data definida para o início de suas atividades. A edificação foi erguida ao lado do Museu dos Dinossauros e do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, instituição reconhecida no meio e envolvida em importantes descobertas recentes. Peirópolis está localizado em uma das regiões mais importantes para a paleontologia nacional, com significativo acervo fossilífero de dinossauros e outras espécies que habitavam a região há dezenas de milhões de anos. Ainda assim, o centro e o museu foram obrigados a fechar as portas em janeiro por falta de recursos. Atualmente, as instituições sobrevivem, basicamente, de doações e consultorias prestadas pelo coordenador-geral, Luiz Carlos Borges Ribeiro. A prefeitura de Uberaba comprometeu-se a assumir os gastos da rede com pessoal, água, luz e telefone da sede, além de arcar com os custos da manutenção dos veículos. Já a secretaria estadual deverá viabilizar o financiamento de pesquisas e a aquisição de equipamentos para as instituições associadas. ESPERA Segundo Sílvio dos Santos Vasconcelos, assessor do subsecretário de Ensino Superior, Otávio Elísio, a pasta aguarda a liberação de R$ 3 milhões provenientes de convênio firmado entre o governo do Estado e o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) para a complementação de obras na sede da rede e na execução de programas de pesquisa. Os recursos - bem como os R$ 6,1 milhões iniciais - foram captados por meio de emendas parlamentares apresentadas pelo deputado federal Nárcio Rodrigues (PSDB-MG). O orçamento da instituição para 2008 prevê um total de R$ 3,4 milhões, incluindo R$ 400 mil referentes a um projeto aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Atualmente, segundo a Sectes, nove instituições - cinco delas na região Nordeste - já fazem parte da rede e outras quatro estão em fase final de associação. Vasconcelos afirma que a expectativa é de que o projeto "entre em funcionamento a partir do quarto trimestre deste ano".

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