Rave ilegal desafia autoridades da Itália e já tem até morte

Evento não tem autorização, mas ocorre há cinco dias na província de Viterbo

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Por Ansa
Atualização:
Divisa entre as regiões do Lazio e da Toscana, no centro da Itália, que é palco de uma rave clandestina desde o último fim de semana Foto: Ansa

A divisa entre as regiões do Lazio e da Toscana, no centro da Itália, é palco desde o último fim de semana de uma rave clandestina que desafia as autoridades de segurança pública e saúde em plena pandemia, apesar de o evento já ter registrado até caso de morte. A festa a céu aberto ocorre às margens do Lago de Mezzano, na província de Viterbo, desde a noite de 13 de agosto e reúne cerca de 8 mil pessoas de toda a Europa. No entanto, apesar de aglomerações do tipo serem proibidas na Itália por causa da covid-19, a polícia ainda não agiu para interromper a rave. "Já segue há cinco dias a festa rave de Mezzano, entre drogas, álcool e ilegalidades. Apesar de um homem ter morrido, ninguém ainda interveio para desalojar o campo", criticou no Facebook a líder de extrema direita Giorgia Meloni nesta quarta-feira, 18. A vítima citada pela política é um jovem de 25 anos cujo corpo foi encontrado no Lago de Mezzano na última segunda, 16. Nascido em Londres, mas residente na Itália, ele estava desaparecido desde o dia anterior, quando mergulhou na água e não voltou mais. "Apesar de um morto e dos riscos enormes para a segurança e a saúde, milhares de pessoas permanecem aglomeradas sem autorização em uma rave em Viterbo. É uma afronta ao bom senso e aos italianos que respeitam as regras", reforçou o senador e ex-ministro do Interior Matteo Salvini. Prefeitos de municípios toscanos que ficam na divisa com o Lazio afirmaram que a festa é um "ataque frontal" às populações locais e acusaram o Estado de ter sido "incapaz de evitar, durante a pandemia, uma clamorosa manifestação de ilegalidade sob todos os pontos de vista". Criticada pela inação, a polícia está abordando todos que saem da rave e circundou a festa para impedir novos acessos, mas o evento segue acontecendo, com previsão de terminar apenas em 23 de agosto. "Para quem hoje grita 'escândalo' e pede o uso da força, saibam que existe a possibilidade concreta de se ter feridos graves ou episódios letais", afirmou o porta-voz da Associação Nacional dos Funcionários de Polícia, Girolamo Lacquaniti, nesta quarta-feira. "Estamos cientes de que as imagens de Viterbo parecem uma afronta à situação que todos vivemos, mas, sob a ótica técnica e operacional, é justo ressaltar que outras soluções comportam riscos concretos de danos muito piores", acrescentou. Segundo Lacquaniti, as forças de ordem já conseguiram persuadir cerca de 1,5 mil pessoas a voltarem para casa. O policial ainda ressaltou que o uso da força tem de levar em conta os riscos ligados à possível movimentação de dezenas de veículos pesados, como trailers e furgões, no meio da multidão. Além disso, de acordo com ele, a eventual utilização de gás lacrimogêneo poderia desencadear incêndios na vegetação seca. Após ter enfrentado duros meses de restrições por causa da covid-19, a Itália já liberou praticamente todas as atividades sociais e econômicas, mas casas noturnas, baladas e festas com aglomerações continuam proibidas. O país contabiliza cerca de 4,5 milhões de casos e 128,5 mil mortes desde o início da pandemia.

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