Queimada faz animais do Pantanal irem para a cidade

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Por João Naves de Oliveira e CAMPO GRANDE
Atualização:

Animais silvestres do Pantanal estão fugindo dos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul, provocados pelo crescente número de queimadas na região, e buscam refúgio em áreas urbanas. Outros morrem atropelados na BR-262, no trecho de 30 quilômetros entre os municípios de Miranda e Corumbá. Atualmente entre 7 e 10 animais morrem no local por dia, principalmente tamanduás. "Tanto o (tamanduá) bandeira como o mirim têm pouca visão, o que faz com que eles sejam atropelados", diz Márcio Yule, coordenador do Prevfogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "Durante as queimadas, o Pantanal é tomado por uma densa nuvem de fumaça que afeta o faro dos animais. Não raras vezes, em casos de grandes incêndios, acabam sendo cercados e consumidos pelo fogo. O mesmo fim têm filhotes de mamíferos e de aves", completa Yule. Para o presidente da Associação de Proprietários de Reserva Particular do Patrimônio Nacional, Laércio Machado de Souza, sempre houve morte de animais silvestres na BR-262, mas nesta época do ano aumenta. "Há mais de dez anos existe um projeto para acabar com essa situação, mas não saiu do papel." Ele se refere à obra semelhante que está sendo realizada na revitalização da BR-163 em Mato Grosso, depois do município de Sinop. São passagens sob a rodovia, as chamadas estradas da vida. Souza diz que esse recurso poderia reduzir sensivelmente acidentes e a fuga de bichos para as zonas urbanas. Outro problema é a falta de equipes preparadas para a captura dos bichos selvagens que chegam às cidades. Um exemplo disso foi o que aconteceu no bairro Aeroporto, um dos mais populosos de Corumbá, no final de semana. Um filhote de onça parda, pesando 40 quilos, permaneceu 16 horas em cima de uma árvore. Ela apareceu na noite de sábado em uma das casas. Os moradores se assustaram, e o animal subiu em uma das árvores. Às 16h30 de domingo foi derrubado, após ser atingido por um dardo anestésico. Pesquisadores da Embrapa Pantanal afirmam que o período das queimadas deve durar até outubro na região. Em três meses foram registrados cerca de 800 focos de incêndios. Em média, foram 13 ocorrências por dia, principalmente em Corumbá.

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