Quando Brasil tiver educação de 1º Mundo, Nordeste terá de 3º

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Por Eduardo Nunomura
Atualização:

Quando a educação brasileira chegar ao Primeiro Mundo, o Nordeste pobre vai estar mergulhado num triste Terceiro Mundo. Em 2022, ano do bicentenário da Independência e quando o País pretende atingir a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) estabelecida pelo governo, só 44 cidades nordestinas da educação infantil à 4.ª série e 58 da segunda fase, da 5.ª à 8.ª série, vão alcançar esse nível. Os outros quase 1.400 municípios do semi-árido brasileiro, sertão que vai do norte de Minas ao interior do Nordeste, ficarão para trás. O cruzamento das projeções do Ideb sobre a região, feito pelo Estado, mostra que, em dez anos, dois terços das cidades continuarão abaixo do atual nível de ensino brasileiro. Hoje, a média nacional é de 3,8 no primeiro ciclo e de 3,5 no segundo. A do semi-árido está em 2,7 nas duas fases. "Se o Nordeste vai ser de Terceiro Mundo, hoje ele é de Quarto", arrisca o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, economista que criou o índice. Só com um esforço maior o Nordeste pode reduzir a diferença. Não por acaso o ministro Fernando Haddad iniciou a Caravana da Educação visitando os Estados nordestinos. Das 1.242 cidades que receberão ajuda do MEC para melhorar mais rapidamente seu índice, 820 são do semi-árido. A reportagem visitou escolas da região, conversou com professores, diretores, pais e alunos. A realidade é dura para quem tem de ensinar ou aprender. Para eles, o Ideb chegou, mas ainda parece um número abstrato.

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