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Projeto recupera bacia em MG

Meta é limpar o Rio das Velhas e mobilizar população

Por Ana Bizzotto
Atualização:

Pescador por hobby, João Pereira se alegra com a volta de peixes no Rio das Velhas, principal afluente do São Francisco. A situação testemunhada por ele em sua fazenda, a 800 metros do rio, em Baldim (MG), era bem diferente há dois anos. "Não dava para chegar perto do rio por causa do mau cheiro. Antes só via peixe morrer. Agora encontro dourado e curimatã." Leia um relato completo da expedição Um dos principais projetos envolvidos na recuperação da bacia do Rio das Velhas é o Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais, que concilia trabalho científico e mobilização de empresas, governos e sociedade. Neste mês, o projeto organiza a Expedição pelo Velhas 2009 - Encontros de um Povo com sua Bacia, que começou na última sexta e vai até 6 de junho. Haverá atividades culturais, navegação, educação ambiental, oficina, debates e miniexpedições. O objetivo da expedição é integrar as diferentes culturas da região. "O Rio das Velhas nos deu régua e compasso para fazermos um movimento amplo de mudança", diz o fundador e coordenador do projeto, Apolo Heringer Lisboa. Ele considera que foram alcançados bons resultados, mas muito precisa ser feito. "Temos de avançar na gestão do solo e educação ambiental de políticos e empresários. Não basta promover educação ambiental só da população." Em 2003, o projeto organizou a Expedição Manuelzão, que percorreu os 804 quilômetros do curso d?água e mobilizou moradores dos 51 municípios da bacia para a importância de recuperar o rio. A iniciativa resultou na Meta 2010, que tem como objetivo navegar, nadar e pescar no Rio das Velhas, em sua passagem pela região metropolitana de Belo Horizonte, até o ano que vem. Segundo o secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas, José Carlos Carvalho, os investimentos para a recuperação da bacia somam R$ 1,4 bilhão - R$ 600 milhões já foram investidos e o restante será aplicado até 2010. "A expedição é importante para mostrar o que está sendo feito e incentivar a população a continuar cobrando." Criado em 1997, o projeto recebeu o nome Manuelzão em homenagem ao vaqueiro Manuel Nardi. Ele chefiou uma boiada acompanhada pelo escritor Guimarães Rosa que serviu de inspiração para o livro Grande Sertão: Veredas. Nardi presenciou o início do projeto e morreu um ano depois.

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